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Muro polêmico faz presidente do México cancelar viagem a Washington

O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, cancelou sua visita a Washington depois que Donald Trump declarou que caso não pretenda pagar pelo muro que será construído na fronteira entre os dois países, não precisava se deslocar. Em coletiva de imprensa, Trump fez discurso protecionista justificando a construção. 

"México não acredita em muros", disse presidente Enrique Peña Nieto em 26 de janeiro de 2017
"México não acredita em muros", disse presidente Enrique Peña Nieto em 26 de janeiro de 2017 REUTERS/Edgard Garrido
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Pouco depois da ameaça, Peña Nieto anunciou o cancelamento da visita, programada para a próxima terça-feira, 31 de janeiro. "Esta manhã informamos à Casa Branca que não participarei da reunião de trabalho programada para a próxima terça-feira com o @POTUS (presidente dos EUA)", escreveu Peña Nieto em sua conta oficial no Twitter, em reação à mensagem de Trump, que tuitou: "Se o México não quiser pagar o muro tão necessário, melhor que cancele sua próxima visita".

Em entrevista coletiva em Filadélfia, Trump declarou que "um encontro com Peña Nieto teria sido infrutífero", sugerindo que o presidente cancelou a visita por não querer arcar com as despesas do muro. A Casa Branca, no entanto, afirma que um novo encontro pode ser marcado e que a agenda está aberta. Em um discurso protecionista, em nome de milhares de empregos para os americanos, ele voltou a defender a construção.

Trump vem argumentando que os Estados Unidos têm um déficit comercial com o México da ordem de US$ 60 bilhões. "Foi um acordo de apenas um lado desde o início do Tratado de Livre Comércio da América do Norte, com enorme número de empregos e empresas perdidas", disse Trump.

Este aumento da tensão nas relações bilaterais em razão do muro coincide com a intenção do presidente americano de renegociar o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), que os dois países integram junto com o Canadá.

O "muro da discórdia"

Na quarta-feira (25), o presidente americano assinou dois decretos sobre o fortalecimento da vigilância migratória, sendo que o primeiro deles determina o início "imediato" dos passos necessários para construir um "muro físico" na fronteira. Em declarações à rede de TV ABC News, Trump insistiu que o México pagará pela gigantesca obra, cujo custo pode alcançar até US$50 bilhões, segundo diversas fontes. Na mesma entrevista, Trump admitiu que os Estados Unidos vão pagar pela obra, mas apontou que "mais adiante" o México ressarcirá o dinheiro "mediante qualquer transação que faremos" com esse país. Esse mecanismo para fazer com que o México pague aos Estados Unidos pode ser "complexo", indicou Trump, que, no entanto, não deixou dúvidas de que isso acontecerá.

O decreto assinado por Trump também vai destinar recursos e tomar medidas como construir, operar ou controlar instalações para deter estrangeiros que estejam na fronteira com o México ou nas proximidades. As cidades e distritos que se negarem a prender imigrantes clandestinos terão os fundos congelados.

Prefeitos condenam política migratória de Trump

Os prefeitos de Los Angeles e Nova York, as duas maiores comunidades hispânicas dos Estados Unidos, condenaram publicamente os decretos e asseguraram que vão continuar a proteger os imigrantes que vivem lá. "Vamos proteger toda a nossa gente, independentemente de onde eles vêm e, independentemente do seu estatuto migratório", garantiu o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, em coletiva de imprensa. Eric Garcetti, prefeito de Los Angeles, disse que sua cidade permanecerá tolerante e vai acolher todas as pessoas, "independentemente do que acontecer em Washington".

Os prefeitos de quatro outras cidades da Califórnia - São Francisco, Oakland, São José e Berkeley - também denunciaram o decreto de Trump em uma declaração conjunta. E mais claro que o prefeito de Chicago, Rahm Emanuel, impossível: "Mesmo se você for da Polônia, Paquistão, Índia, Irlanda, Israel, México ou Moldávia, será bem-vindo em Chicago."

 

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