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Linha Direta

Derrota da esquerda e guinada à direita marcaram 2016 na América do Sul

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2016 pode ser denominado o ano da inflexão para a América do Sul. Foi o ano em que o mapa político da região mudou por completo. Foi também o ano em que a recessão econômica chegou ao seu ponto mais crítico. 2017, por outro lado, deve ser o ano em que a região volta a crescer economicamente, levando algum alívio político aos governos. Mas há várias dúvidas pelo caminho:Donald Trump, acordo de paz na Colômbia, Venezuela e crise brasileira.

O presidente argentino Maurício Macri
O presidente argentino Maurício Macri REUTERS/Agustin Marcarian
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

2016 foi o ano de uma virada política. Grandes derrotas nas urnas da esquerda e uma guinada à direita. Todas as eleições há um ano tem sido derrotas dos governos e vitórias da oposição. Embalada pela vitória de Mauricio Macri aqui na Argentina, a oposição na América do Sul colheu uma série de vitórias que desenharam um novo mapa político.

Em fevereiro, foi a vez de os bolivianos votarem, num plebiscito, contra um quarto mandato consecutivo para o presidente Evo Morales. Em junho, o Peru preferiu Pedro Pablo Kuczynski. O equatoriano Rafael Correa percebeu o avanço da oposição e desistiu de concorrer a um novo mandato em 2017.

Mesmo aqueles que não enfrentam um processo eleitoral convivem com uma queda de popularidade a níveis mínimos como a chilena Michelle Bachelet. Até mesmo o governo colombiano colocou o acordo de paz as FARC à prova em outubro e foi derrotado num plebiscito. O acordo depois foi aprovado, mas pelo Congresso.Outra mudança que não passou pelas urnas foi a chegada de um novo governo no Brasil.

Os países sul-americanos são dependentes das exportações de matéria primas. Chegou ao fim o super ciclo das matérias primas com preços elevados. Também pesou cansaço social com governos que se estenderam no tempo e que concentraram poder em excesso.Houve um abuso dos recursos do Estado com gigantescos casos de corrupção.

Segundo a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, a Cepal, no ano passado, a América do Sul encolheu 1,6%. 2016 termina com uma queda ainda mais acentuada: 2,4%. As piores economias da América do Sul são Venezuela com queda de 9,7%; o Brasil com uma queda de 3,6%; Argentina e Equador com quedas de 2% cada.

América do Sul vai voltar a crescer

Depois de dois anos seguidos de contração, a América do Sul vai voltar a crescer. A previsão é de um crescimento de 0,9%. É pouco e é frágil. Isso é três vezes menos do que a média prevista para o mundo pelo Banco Mundial e pelo FMI. E seis vezes menos do que a média prevista para a Ásia.

Os piores serão a Venezuela com nova queda de 4,7%. E o Brasil que só deve crescer 0,4% ou mesmo ter crescimento nulo, algo que preocupa muito os países vizinhos. Mas qual será o efeito comercial para a América do Sul a partir de 20 de janeiro com a posse de Donald Trump?E a América do Sul pode ficar no meio de um fogo cruzado entre uma eventual queda-de-braço entre Estados Unidos e China? As respostas podem definir o panorama econômico da região em 2017.

Venezuela é um dos principais desafios

O primeiro desafio é como se define a situação na Venezuela. Outro é se o processo de paz na Colômbia será bem-sucedido ou pode fracassar, se o Mercosul conseguirá sair do seu confinamento e fechar novos acordos com outros países e blocos e se Maurício Macri vai se consolidar no poder em outubro de 2017 quando o Congresso for parcialmente renovado aqui na Argentina.

Outras questões é se a situação política do Brasil pode afetar a governabilidade do presidente Michel Temer e afetar a vizinhança. As respostas a essas perguntas definem o cenário de estabilidade ou de crise.
 

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