"É difícil medir impacto dos ciberataques russos nas eleições dos EUA", diz especialista
A Casa Branca responsabilizou diretamente na quinta-feira (15) o presidente russo, Vladimir Putin, pelos ciberataques que teriam interferido nas eleições presidenciais americanas, elevando a tensão entre as duas maiores potências atômicas do mundo.
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Caroline Paré, da RFI
Segundo Frédérick Douzet, especialista em questões geopolíticas do ciberespaço da universidade Paris 8, a acusação é grave e resta pouco tempo para Barack Obama tomar medidas contra o governo da Rússia.
"Obama está em uma situação na qual tenta reunir a maior quantidade de provas possível antes de reagir. Por isso, ele pediu uma investigação completa sobre os ciberataques. O problema é que nos aproximamos da posse de Donald Trump, em janeiro, e isso deixa pouco tempo para tomar decisões e implementá-las", afirmou em entrevista à RFI.
Douzet explica os resultados das investigações até o momento. "Os serviços russos teriam hackeado os servidores do partido Democrata e teriam vazado as informações ao WikiLeaks. A CIA acha que os russos também hackearam os servidores do partido Republicano, mas não teriam tornado públicas as informações. O que é muito difícil de estabelecer e de medir é o impacto dessa revelação sobre a eleição e se ela pode mesmo ter favorecido a vitória de Trump. Além disso, é dificil estabelecer as intenções reais dos russos por trás da ação."
Rastros informáticos
A especialista em ciberataques explica como o governo americano determinou a interferência dos russos. "Tecnicamente há serviços no FBI que podem seguir os rastros informáticos, que também são ajudados por empresas privadas, principalmente a Craftstrike, que é especialista na investigação de cibertataques", diz. "Mas, aparentemente, eles também contrataram várias outras empresas do setor privado para fazer análises técnicas e cruzar informações para obter um nível de confiança suficientemente elevado."
Segundo ela, as suspeitas de interferência russa surgiram pela primeira vez em meados deste ano. "No momento, a situação era complicada devido ao timing. Era difícil para Obama tomar medidas porque poderia levar a uma escalada dos conflitos com a Rússia e a uma dúvida sobre o processo democrático americano."
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