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Linha Direta

Chanceler da Venezuela tenta entrar à força em reunião do Mercosul

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A reunião de chanceleres do Mercosul que deu início à Presidência argentina do bloco pelos próximos seis meses, nesta quarta-feira (14), foi marcada pela tensão. Mesmo sem ser convidada e mesmo sob pedidos para não participar, a chanceler da Venezuela tentou entrar à força na reunião de ontem em Buenos Aires. Disse que entraria "pela janela se lhe fechassem a porta".

A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, tentou, nesta quarta-feira(14), entrar à força na 1° reunião do Mercosul, que deu início à presidência argentina do bloco, em Buenos Aires, à qual não tinha sido convidada.
A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, tentou, nesta quarta-feira(14), entrar à força na 1° reunião do Mercosul, que deu início à presidência argentina do bloco, em Buenos Aires, à qual não tinha sido convidada. REUTERS/Stringer FOR EDITORIAL USE ONLY. NO RESALES. NO ARCHIVES
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Foi tanta a polêmica que os ministros dos demais países decidiram terminar a reunião num local secreto enquanto almoçavam. A chanceler da Argentina, Susana Malcorra, contou que avisou verbalmente e por escrito que a sua colega venezuelana não tinha sido convidada. A própria chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, contou que "apesar de os chanceleres insistirem para não ela não participar da reunião, ela se meteria até mesmo por uma janela". E entrou desafiante pelo Palácio San Martín, sede da Chancelaria argentina, enfrentando os seguranças.

Quando ela chegou à sala de reunião, os ministros dos demais países já tinham saído para terminar a reunião em outro local, num almoço de trabalho. A chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, apareceu antes mesmo dessa reunião começar. Ela veio a Buenos Aires acompanhada em solidariedade pelo chanceler da Bolívia, David Choquehuanca. Por protocolo, a chanceler argentina, Susana Malcorra, tentou contornar a situação e recebeu os dois na sua sala, no prédio em frente. O chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, também participou. Enquanto isso, os ministros do Brasil e do Paraguai aguardavam o começo da reunião no Palácio San Martín.

Depois de uma hora, as enormes diferenças continuavam intactas. Deram por encerrada a conversa e foram para a reunião do Mercosul enquanto a chanceler da Venezuela foi à rua improvisar um comício para os militantes de esquerda. Ela repetia que a suspensão da Venezuela do Mercosul era "um golpe". Em frente à Chancelaria argentina, movimentos de esquerda organizaram uma manifestação a favor da Venezuela e contra a presença do chanceler brasileiro, José Serra.

As faixas diziam: "Venezuela é Mercosul" e "Fora Temer". A primeira coisa que a chanceler argentina disse quando se reuniu com os jornalistas foi: "Assumi a Presidência pró-tempore como Argentina". Já a chanceler venezuelana repetiu o tempo todo que "a Venezuela continuará a exercer a Presidência do Mercosul".

A partir desta quinta-feira, em Montevidéu, no Uruguai, começa um mecanismo de solução de controvérsias. De um lado, a Venezuela; de outro, os países do Mercosul. Técnicos das duas partes vão tentar encontrar uma solução. Se ao longo das próximas semanas não houver acordo, o assunto vai a uma arbitragem. A Venezuela teve a sua participação como membro pleno de direitos encerrada pelo Mercosul no último dia 2 de dezembro por não ter cumprido com os seus deveres no processo de adesão. A Venezuela ficou, assim, excluída pelos formadores do Mercosul: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Países do Mercosul vão ter equipes para negociar acordos com outros países

Os países do Mercosul decidiram projetar o bloco pelo mundo. Vão criar equipes integradas de negociação para acelerar acordos de livre comércio com outros países e blocos. Até hoje, cada país tinha a sua equipe de negociação por separado; o que atrasava e dificultava as negociações. A prioridade do Mercosul é a União Europeia, mas também interessam países como Japão, Índia, Canadá, Suíça, Dinamarca, Irlanda e até China. O Mercosul quer avançar numa ambiciosa agenda externa para sair desse confinamento e para gerar no exterior as vendas que as economias locais em recessão não conseguem gerar.

"Precisamos de um Brasil forte"

Sobre o Brasil, a chanceler argentina, Susana Malcorra, declarou que o país precisa de um "Brasil forte, com uma economia que cresce". De acordo com ela, quando a economia do Brasil não cresce, existe um impacto direto nas oportunidades de crescimento no país. "A integração faz com que nademos juntos e afundemos juntos. Temos que apostar no crescimento. Para isso, é importante criar equipes integradas de negociação", declarou.

 

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