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Cuba

Cuba inicia nova era com fim das homenagens póstumas a Fidel Castro

O sepultamento das cinzas de Fidel Castro neste domingo (4), em Santiago de Cuba, põe fim a uma semana de homenagens emocionadas ao líder da revolução que desafiou os Estados Unidos e sacudiu a América Latina. Os restos mortais de um dos protagonistas do último século, que governou com mão-de-ferro por quase 50 anos, foram enterrados no cemitério Santa Ifigênia, onde está localizado o mausoléu do herói independentista José Martí.

Homem carrega foto de Fidel Castro em última homenagem pública ao líder da Revolução Cubana morto no dia 25, aos 90 anos.
Homem carrega foto de Fidel Castro em última homenagem pública ao líder da Revolução Cubana morto no dia 25, aos 90 anos. © Reuters
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No sábado (3), durante o último ato de massa em memória de Fidel, na presença de representantes estrangeiros, o presidente cubano, Raúl Castro, jurou defender a pátria e o socialismo. Ele disse que, a pedido do irmão falecido na última sexta-feira (25), aos 90 anos, Cuba não terá monumentos nem ruas, praças ou avenidas em homenagem ao comandante morto. Os ex-presidentes brasileiros Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff participaram da cerimônia em Santiago de Cuba.

Ao longo da semana, milhões de cubanos prestaram homenagens aos gritos de "Eu sou Fidel" em praças, ruas ou nos acostamentos das estradas por onde passou a caravana que percorreu a ilha de Havana a Santiago com as cinzas do líder revolucionário. A partir de agora, Cuba vira uma nova página sem Fidel.

Raúl, que governa desde 2006, quando Fidel ficou doente, estará à frente do governo até fevereiro de 2018, mas permanecerá com seu cargo máximo no Partido Comunista de Cuba. Sem se afastar do regime de partido único, Raúl está empenhado em uma série de reformas para oxigenar o modelo de cunho soviético, enquanto avança no processo de aproximação com os Estados Unidos iniciado em dezembro de 2015.

A cautelosa e lenta abertura permitiu que os cubanos trabalhem por conta própria em algumas atividades, viajem para fora do país livremente (com exceção dos médicos), e que mais investimento estrangeiro entre no país. Segundo Michael Shifter, presidente do Diálogo Interamericano em Washington, "a curto prazo, provavelmente não acontecerão muitas mudanças em Cuba". "Haverá muita cautela, especialmente com o próximo governo de (Donald) Trump em Washington", opinou o especialista. Sem Fidel, "Raúl terá mais margem de manobra para tomar decisões. Não precisará mais da aprovação de seu irmão mais velho", disse.

O governo cubano deverá enfrentar a curto prazo uma desaceleração da economia, atingida em grande parte pela crise na Venezuela, sua maior aliada. "Este ano não foi precisamente favorável" para reformas porque, "por serem incompletas, potencializaram aspectos negativos, como o aprofundamento da desigualdade", avalia Mauricio de Miranda, economista cubano que ensina na Universidade Javeriana da Colômbia.

Sem monumentos

O último ato de massa em memória de Fidel contou com líderes da esquerda latino-americana e revelou de forma notória as ausências de líderes de outras partes do mundo. "A participação internacional para o funeral de Fidel Castro não esteve ao nível que era esperado", observa Paul Webster, embaixador britânico em Cuba. Em sua opinião, isso "significa que a atratividade da (revolução) cubana diminuiu. Então é possível esperar que Rússia e China convoquem Raúl a deixar para trás a velha revolução e a colocar em andamento reformas da economia".

Enquanto o presidente tenta acabar com as dúvidas sobre o futuro sem Fidel, ele converterá em lei o último desejo de seu irmão: proibir as estátuas ou monumentos em sua memória. Fidel "rejeitava qualquer manifestação de culto à personalidade e foi coerente com esta atitude até as últimas horas de vida", disse Raúl Castro.

Com informações da AFP

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