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Colômbia/Paz

População apoia novo acordo de paz na Colômbia?

O governo da Colômbia e a guerrilha das Farc assinam nesta quinta-feira (24), em Bogotá, o novo acordo de paz selado há dez dias. A primeira versão do texto foi rejeitada no referendo de 2 de outubro. Desta vez, a população não será mais consultada e o pacto será enviado ao Congresso para aprovação. Os colombianos apoiam esse novo acordo, anunciado na semana passada?

Manifestante carrega bandeira branca da paz e bandeira da Colômbia, durante passeata em Bogotá, em 15 de novembro de 2016.
Manifestante carrega bandeira branca da paz e bandeira da Colômbia, durante passeata em Bogotá, em 15 de novembro de 2016. REUTERS/John Vizcaino
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Com informações de Marie-Eve Detoeuf, correspondente da RFI em Bogotá

A cerimônia de assinatura entre o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, prêmio Nobel da Paz 2016, e o líder máximo das Farc, conhecido como "Timochenko", será transmitida ao vivo em um telão gigante. Ele será realizada às 11h locais (14h, horário de Brasília), no teatro Colon.

A poucas horas da assinatura do novo acordo, os partidários e opositores desse processo de paz na Colômbia continuam se enfrentando na mídia e nas redes sociais. O texto histórico passou por ajustes atendendo a sugestões da sociedade civil, mas o principal ponto de atrito com a oposição liderada pelo ex-presidente Alvaro Uribe, e que levou à rejeição no plebiscito de 2 de outubro, não sofreu alterações significativas.

As Farc vão se transformar em partido político e ex-guerrilheiros poderão concorrer a eleições. O pacto prevê uma anistia para a maioria dos ex-combatentes, mas também a criação de uma comissão da verdade e de um Tribunal especial de Paz. O texto propõe ainda uma política de redistribuição de terras.

Oposição continua mobilizada

No entanto, a mídia e os políticos colombianos não chamam mais de "histórico" esse acordo que visa acabar com 52 anos de conflito armado no país. Eles ressaltam que o texto vai ser assinado quase às escondidas em um teatro da capital, antes de ser enviado ao Congresso, sem uma nova consulta popular.

Diego, um comerciante de Bogotá, não votou no último dia 2 de outubro, mas apoia os opositores que recusam em bloco o novo acordo e exigem um novo referendo. "Somos todos pela paz, mas os guerrilheiros não podem ser eleitos ao Congresso porque a casa é composta normalmente por pessoas honestas", avalia.

Mas alguns moradores mudaram de ideia. Fabio, zelador de um prédio na capital, votou contra o acordo, mas acha que é necessário apoiar o novo pacto. "Teria preferido um novo referendo, mas precisamos agora da paz", afirma.

Daniela, coach, é partidária da paz. Ela ressalta que o novo pacto "introduziu mudanças para atender reivindicações dos partidários do não". Daniela considera importante o fato de ser o Congresso que ratifique o texto. "Deveria ter sido assim desde o início", acredita a consultora. Ela critica as intenções puramente políticas da oposição do ex-presidente Alvaro Uribe que "está de olho nas eileições de 2018".

Processo de paz será difícil

Apesar da rejeição do primeiro acordo no referendo, o conflito armado na Colômbia entre o governo e as Farc parece ter acabado. Os combates estão suspensos desde o cessar-fogo que entrou em vigor em agosto passado. A atmosfera no interior do país mudou completamente.

Assinar a paz seria quase uma formalidade. Paradoxalmente, ninguém mais no país tem dúvidas de que o processo será difícil, diante do desacordo entre os partidos políticos. Falta um grande movimento nacional capaz de trazer de volta a esperança de que uma nova largada seja possível.

A curto prazo, o presidente Juan Manuel Santos tem grande maioria no Congresso. Os parlamentares devem ratificar sem problemas o acordo e aprovar todas as leis necessárias para sua implementação. A ultradireita não poderá bloquear os avanços legislativos, mas vai contestar tudo que puder no Congresso e nas ruas.

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