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Linha Direta

Trump finaliza formação de gabinete ultraconservador nos EUA

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O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, aproveita o feriado do Dia de Ação de Graças nesta quinta-feira (24) para finalizar a formação de seu gabinete, com o anúncio de auxiliares importantes. Mas todos estão tão atentos aos nomes que vão sendo anunciados quanto ao conflito de interesses entre o empresário e o político que, a partir de 20 de janeiro, vai liderar a maior potência global. Começam a aparecer críticas à decisão do republicano, por exemplo, de escolher um ministério ultraconservador em longas reuniões realizadas em suas propriedades em Nova York, Nova Jérsei e Flórida. O processo de transição do governo Obama para o de Trump é absolutamente sui-generis na política americana.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, designou nesta quarta-feira duas mulheres para seu futuro gabinete, a bilionária Betsy DeVos( foto) para secretária da educação e a governadora pela Carolina do Sul, Nikki Haley.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, designou nesta quarta-feira duas mulheres para seu futuro gabinete, a bilionária Betsy DeVos( foto) para secretária da educação e a governadora pela Carolina do Sul, Nikki Haley. REUTERS/Mike Segar
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

Nesta quinta-feira, dia do feriado mais importante dos EUA, o Dia de Ação de Graças, o presidente eleito vai comandar uma série de reuniões no exclusivo clube Mar-a-Lago, uma de suas propriedades mais luxuosas, localizada em Palm Beach, na Flórida. Nesta semana decisões importantes, como a escolha da governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, cuja família tem origem na Índia, para ser a nova embaixadora dos EUA na ONU, e a da milionária Betsy DeVos, uma das principais doadoras para campanhas republicanas, foram anunciadas em endereços como o clube de golfe de Trump em Nova Jérsei e a Trump Tower, na Quinta Avenida.

Encontros com grupos interessados em projetos imobiliários da Índia e dos Emirados Árabes Unidos também foram conduzidos nos mesmos endereços. Antes mesmo de se mudar para a Casa Branca, Donald Trump começa a ser questionado pela oposição e a imprensa: como é que ele vai separar o governo dos EUA da administração de suas empresas? E ele não está usando a presidência para promover seus negócios?

Autopromoção é inegavelmente um dos pontos fortes do novo presidente americano. Mas o que importa agora é se ele de fato será capaz de governar o país.

Indicação de mulheres e minorias para o governo Trump

As duas nomeações de ontem modificam um pouco o gabinete, com a entrada de mulheres e minorias étnicas. Mas as indicações foram recebidas com cautela pela imprensa especializada.

A equipe de Trump anunciou, inicialmente, na semana passada, o núcleo do governo, formado exclusivamente por conservadores de linha-dura. São eles o senador Jeff Sessions, do Alabama, um dos congressistas mais críticos à imigração ilegal nos EUA e que teve sua indicação a juiz federal negada nos anos 1980 por conta de comentários e ações consideradas racistas, para o Ministro da Justiça.

Para Estrategista-Chefe, o mago da mídia conservadora Steve Bannon, que tocou a campanha vitoriosa de Trump e é conhecido pela proximidade a grupos ultranacionalistas e de supremacia caucasiana. Para o comando da CIA, o deputado Mike Pompeo, do Kansas, outro ultradireitista, favorável à retomada de prática de táticas de interrogação de prisioneiros acusados de terrorismo condenadas por grupos de defesa dos direitos humanos. Para a Segurança Nacional, o General Michael T. Flynn, que aposta numa parceria com Moscou para derrotar o islamismo radical na Eurásia.

As duas escolhas de ontem, Nikki Haley e Betsy DeVos, foram críticas de Trump nas primárias republicanas, mas também são da ala conservadora do Partido Republicano. DeVos é irmã de um dos donos da Blackwater, empresa de segurança privada acusada de graves irregularidades durante a ocupação americana do Iraque. E a experiência internacional de Haley se resume a ter passado legislação contra qualquer tipo de boicote a Israel em seu estado. Até agora, o governo Trump tem um perfil extremamente conservador, que deve agradar a base republicana.

Moderado pode ser anunciado nesta quinta-feira

O anúncio mais esperado nesta quinta-feira é o de Secretário de Estado, e até o momento o mais forte candidato é o moderado Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, derrotado por Obama nas eleições de 2012. O ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliano corre por fora. São, até agora, os únicos nomes moderados considerados para o ministério de Trump.

O neurocirurgião Ben Carson, que disputou as primárias republicanas, e é negro e conservador, apesar da completa falta de experiência na área, deve ser anunciado secretário de Desenvolvimento Urbano, com foco na revitalização de bairros majoritariamente habitados por minorias étnicas.

Mas enquanto a direita vai tomando conta do governo os setores liberais já se reorganizam chamando a atenção para tema importante: o aumento da vantagem no voto popular de Hillary Clinton. Os votos ainda estão sendo contados e a margem pode chegar a 3 milhões de votos. Nos EUA, o presidente é eleito pelo colégio eleitoral e não pelo voto popular, mas nunca uma candidata derrotada abriu tamanha frente sobre o vitorioso, sugerindo a dimensão do tamanho da oposição popular a ser enfrentada por Trump a partir de janeiro.

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