Conheça o “plano de choque” de Trump para o início de governo

A vitória de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e as dúvidas sobre o governo que será implementado pelo republicano continuam ocupando a primeira página dos jornais franceses desta terça-feira (15). Les Echos revela o "plano de choque" de Trump para os cem primeiros dias de governo.

Capa dos jornais franceses Les Echos, Le Figaro e Libération desta terça-feira (15) de novembro de 2016 RFI

Segundo o diário econômico, o republicano teve que voltar à real rapidamente após sua vitória e começou a compor sua equipe com nomes representativos e ultraconservadores do partido Republicano. O presidente eleito promete a maior queda de impostos no país desde Ronald Regan. A redução mais significativa é para as empresas que passarão a pagar 15% de taxas, em vez dos 35% atuais.

O bilionário nova-iorquino quer também rever rapidamente, como prometido durante a campanha, os acordos de livre comércio, mas sem provocar uma guerra comercial, acredita Les Echos. Para concretizar todas as promessas, Trump prevê para seus 100 primeiros dias de governo a adoção de 10 novas leis. Mas nem todos os projetos passarão com facilidade pelo Congresso americano, mesmo se a casa é dominada pelos republicanos, prevê o jornal.

Reticências sobre promessas de Trump

Um das principais dificuldades que terá Trump no Congresso será a aprovação do plano de investimentos público-privado de um US$ 1 trilhão em infraestruturas. A proposta já recebe críticas do líder republicano no Senado, Mitch McConneli.

A casa também deve se opor à limitação anunciada do número de mandatos de políticos. Outro ponto sensível que Trump deverá enfrentar, no primeiro semestre de 2017, será a reforma do sistema de saúde Obamacare.

Apesar das dúvidas sobre esse programa protecionista e ao contrário das expectativas pessimistas, os mercados reagem bem. O programa econômico de Trump se beneficia do mito da época Regan, no início dos anos 1980, quando a bolsa subiu 126%. Além disso, a onda republicana no Congresso deve pôr fim ao impasse orçamentário que caracteriza o fim do governo Obama, analisa um especialista nas páginas do Les Echos.

Por que Trump seduz os mercados?

Le Figaro também tenta explicar porque Donald Trump seduz os mercados. Para o jornal conservador, os investidores apostam na aceleração da economia americana graças à redução de impostos e ao aumento das despesas públicas prometidos pelo presidente eleito dos Estados Unidos.

Resultado, há uma semana, isto é, desde a vitória de Trump, as bolsas mundiais estão em alta. Quanto tempo vai durar esse otimismo? Entrevistado pelo diário, o vice-presidente do Banco Central Europeu pede prudência. Ele ressalta que apesar das promessas, ninguém sabe ainda quais medidas Trump vai realmente adotar após sua posse em 20 de janeiro.

Institutos de pesquisas na berlinda

Libération destaca em sua primeira página a grande dúvida que paira sobre os institutos de pesquisa. Os profissionais do setor falharam feio. Todos previram a derrota de Trump para Hillary Clinton. Essa foi a segunda grande gafe em poucos meses, após a surpreendente vitória do Brexit que também não foi prevista por nenhuma sondagem.

Mas apesar desses dois fracassos espetaculares, as frágeis pesquisas de opinião continuam obcecando os pré-candidatos as primárias do partido conservador francês, Os Republicanos, critica Libération. A cinco dias do primeiro turno da votação e a cinco meses da eleição presidencial na França, os candidatos deveriam desconfiar das pesquisas, aconselha Libération. As sondagens indicam o ex-primeiro-ministro, Alain Juppé, na liderança e o ex-presidente, Nicolas Sarkozy, em segundo lugar. Sete candidatos participam das primárias. O segundo turno acontece em 27 de novembro.