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Linha Direta

Irã transfere à Venezuela presidência de Países Não Alinhados

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O presidente do Irã, Hassan Rohani, passará à Venezuela a presidência rotatória do Movimento dos Países Não Alinhados (MNOAL) durante encontro do grupo que começou nesta terça-feira (13) na Ilha Margarita, no litoral venezuelano. No momento em que Nicolás Maduro é marginalizado no Mercosul, ele herda a direção desse movimento criado durante a Guerra Fria, com a finalidade de conservar uma posição neutra e não se aliar a nenhuma das potências daquela época.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro (centro), discursou recentemente para moradores da ilha de Margarita e foi recebido com panelaço.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro (centro), discursou recentemente para moradores da ilha de Margarita e foi recebido com panelaço. REUTERS ATTENTION EDITORS
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Elianah Jorge, correspondente em Caracas

O presidente venezuelano anunciou que comandará o MNOAL nos próximos três anos, ou seja, até 2019. O encontro de cúpula começou ontem, mas as principais atividades acontecem durante o próximo fim de semana, quando os 120 chefes de Estado ou seus representantes estarão reunidos na ilha.

Além do líder iraniano, são esperados os presidentes do Zimbábue, Robert Mugabe, da Nicarágua, Daniel Ortega, da Bolívia, Evo Morales, de Cuba, Raúl Castro, e um vice-ministro da Coreia do Norte. O Brasil não é membro do MNOAL, apenas observador, e não enviou representante ao evento.

A cúpula acontece em meio a protestos contra Maduro na ilha. Os moradores de Margarita estão exasperados com a prolongada crise econômica na Venezuela. Em outro momento, a reunião seria motivo de festa e de retorno financeiro na ilha que é chamada de a "pérola do Caribe" e um dos principais pontos turísticos da Venezuela, a 30 km da costa.

Os moradores de Margarita enfrentam escassez de alimentos, de água potável e produtos de primeira necessidade, sem contar com o aumento da criminalidade por causa da queda no movimento turístico nos últimos meses. Foi lá, na semana passada, no bairro popular de Villa Rosa, que Maduro foi recebido com um grande panelaço, em uma reação popular sem precedentes contra um dirigente do país.

Para a cúpula foram investidos cerca de US$ 200 milhões. As delegações internacionais serão protegidas por 14 mil seguranças. Além disso, será inaugurada uma estátua do ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013) que está posicionada na frente do hotel sede do evento. Os panelaços persistem no local, mesmo com a ilha toda militarizada.

Sócios ameaçam suspender Venezuela do Mercosul

Os quatro membros fundadores do Mercosul − Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai − encontraram uma forma de impedir que a Venezuela assuma a presidência semestral do bloco, criando uma presidência colegiada até 1° de dezembro. De quebra, ainda deram um ultimato: se a Venezuela não cumprir com as obrigações para se tornar membro pleno até a data fixada, o país será suspenso do bloco.

O chanceler brasileiro, José Serra, informou na noite desta terça-feira que Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai aprovaram uma nota de consenso, segundo a qual a Venezuela não assumirá a presidência do Mercosul. Serra adverte que caso a Venezuela não cumpra as normas jurídicas que assumiu quando ingressou no bloco, o país bolivariano será suspenso em dezembro.

A informação foi divulgada poucas horas depois de Brasília e Caracas trocarem novas acusações. Primeiro, Serra manifestou preocupação com a multiplicação recente de detenções arbitrárias na Venezuela, como a do jornalista chileno Braulio Jatar, detido no último sábado depois de ter divulgado um intenso protesto durante a visita de Maduro à ilha de Margarita.

O Brasil considerou que a detenção do repórter aconteceu "à revelia do devido processo legal e em claro desrespeito a liberdades e garantias fundamentais”. Logo foi a vez da chanceler venezuelana, Delcy Rodriguez, responder que a Venezuela repudia "as descaradas e imorais declarações do chanceler José Serra".

Na semana passada, o Itamaraty chamou de volta o embaixador Ruy Pereira, após Maduro anunciar o congelamento das relações bilaterais e convocar o diplomata venezuelano que estava em Brasília.

Mediação internacional

Esta semana, membros do governo e da oposição se reuniram em sigilo para discutir meios de superar a crise que assola a Venezuela. Os encontros foram mediados pelo ex-chefe do governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero. Por sua vez, Maduro informou que recebeu das mãos de Ernesto Samper, secretário-geral da União de Países Sul-Americanos (Unasul), uma carta do papa Francisco, na qual o pontífice se compromete com os diálogos de paz.

Para avançar nos diálogos, a oposição solicita a mediação do Vaticano e a liberação de políticos presos. No próximo dia 16 de setembro, governo e oposição voltam às ruas para novas manifestações.

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