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Linha Direta

Manifestações anti e pró-Maduro levam tensão às ruas de Caracas

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A tensão entre opositores e chavistas cresce na Venezuela. Grandes manifestações contra e a favor do presidente Nicolás Maduro estão programadas para esta quinta-feira (1) em Caracas. Por outro lado, o presidente anunciou a ruptura das relações com o Brasil, após o impeachment de Dilma Rousseff, e convocou o embaixador venezuelano em Brasília. O Itamaraty agiu com reciprocidade e convocou o embaixador brasileiro Ruy Pereira.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. DR/Reuters/Palacio de Miraflores
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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas

Maduro foi enfático ao chamar o peemedebista Michel Temer de usurpador, durante uma transmissão nacional de rádio e TV. O líder venezuelano afirmou que o processo de impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe de Estado de caráter parlamentar. Ele revelou ter falado com Dilma por telefone, "para lhe dar um abraço de coração". "Senti que o abraço era dado por [Hugo] Chávez", afirmou.

No início da noite de quarta-feira (31), a chancelaria venezuelana emitiu um comunicado anunciando a retirada do embaixador de Brasília e o congelamento das relações bilaterais. Maduro garantiu que não vai deixar o povo brasileiro desamparado, justificando a revisão das relações com o vizinho do sul. Foi durante o governo dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e de Hugo Chávez que Brasil e Venezuela estreitaram relações como nunca antes, inclusive seladas com substanciosos acordos econômicos e comerciais. Por sua vez, o Itamaraty reagiu em recíproca convocando o embaixador Ruy Pereira, que deve retornar a Brasília nas próximas horas.

Manifestações em Caracas acontecem sob forte tensão

O ato convocado pela oposição para hoje é a primeira grande manifestação antichavista desde fevereiro de 2014, quando 43 pessoas morreram na repressão aos protestos que pediam a saída de Maduro do poder. A ação está sendo chamada de a "Tomada de Caracas" porque pessoas de diversas partes da Venezuela chegaram à capital em apoio à convocação do referendo revogatório, o processo que pede a destituição de Maduro da presidência. A manifestação foi anunciada antes mesmo do Conselho Nacional Eleitoral informar que o próximo passo para ativar o referendo será acionado nos últimos dias de outubro.

Os participantes vão se reunir em sete pontos de concentração espalhados em diversas zonas da capital. Embora estejam cautelosos com possíveis ataques e agressões, muitos opositores decidiram ir às ruas defender seus direitos. Já os chavistas se concentram no centro de Caracas, em uma área remota à dos opositores para evitar confrontos. Este grupo chama a concentração de a "Tomada da Venezuela", ainda que ocupe apenas uma região da capital, em apoio à revolução bolivariana. Há o temor de que a situação saia de controle e ocorra uma nova onda de violência.

Estopim para um acirramento da situação

Maduro está com baixa popularidade. Há um grande descontentamento com seu governo. Embora ambos os lados afirmem que planejaram manifestações pacíficas, pessoas que vinham do interior do país foram paradas nas estradas sem justificativa plausível antes de chegar a capital. Ativistas de direitos humanos denunciam que ao menos 37 dirigentes políticos foram detidos poucas horas antes da "Tomada de Caracas".

Na capital, um grande número de policiais e agentes de segurança estão posicionados em pontos estratégicos da cidade. Já no plano social, quem pôde tomou providências, temendo dificuldades nos próximos dias: encheram os tanques de combustível, estocaram alimentos enlatados e sacaram dinheiro nos bancos.

No plano político, Maduro pediu ao Supremo Tribunal de Justiça estudar uma eventual suspensão da imunidade parlamentar de opositores, sob a justificativa de que a imunidade não é para cometer crimes nem fomentar a violência.

Jornalistas estrangeiros são impedidos de trabalhar no país

Nos últimos dias, quase uma dezena de jornalistas que chegaram ao país não puderam entrar por supostamente não ter os documentos solicitados pelas autoridades venezuelanas para exercer o jornalismo, e foram sumariamente deportados. Por outro lado, a Comissão Nacional de Telecomunicação (Conatel) emitiu um comunicado para advertir os meios de comunicação venezuelanos sobre o conteúdo publicado.

O governo também proibiu o uso de drones para registro de vídeos e fotografias durante as manifestações. As autoridades competentes alertaram que poderão derrubar equipamentos, caso estejam sobrevoando "em dias não permitidos". Porém, Ramos Allup, o presidente da Assembleia Nacional, ignorou a ameaça e garante que os drones serão utilizados.

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