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O Mundo Agora

Eleições americanas: um embate que vai definir o futuro do planeta

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Donald Trump contra Hillary Clinton. Foi dada a largada para uma das campanhas eleitorais mais sujas e violentas da história americana. E olha que imundície política não falta nos Estados Unidos. Os republicanos estão em frangalhos, profundamente divididos entre uma base raivosa e uma elite tradicional que não engoliu esse aventureiro populista e demagogo que tomou conta do partido.

Os dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton e Donald Trump.
Os dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton e Donald Trump. REUTERS/David Becker/Nancy Wiechec/Files
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No seu primeiro discurso de candidato empossado, Trump fez até questão de proclamar que não tinha nada a ver com os dirigentes republicanos e nem mesmo com alguns dos temas mais queridos do partido. Ele só fez confirmar a sua visão sombria da situação dos Estados Unidos, prometendo consertar décadas de erros e crimes cometidos pelos antigos presidentes – principalmente os democratas, mas não só.

A filosofia política de Donald Trump é simplória: chegou a hora de restabelecer a lei e a ordem dentro do país e de só pensar nos interesses domésticos americanos, doa a quem doer. O candidato republicano quer rever todos os acordos de livre-comércio vistos como sempre desfavoráveis aos Estados Unidos e prometeu até interromper o intercâmbio com a China. Quer construir um muro na fronteira do México para impedir a chegada de imigrantes e proibir a entrada de muçulmanos no país.

Mais inquietante ainda é sua admiração por ditadores como Saddam Hussein ou Vladimir Putin e suas declarações de que a América está cansada de pagar para manter a segurança de seus aliados, inclusive dos europeus membros da OTAN,. “A América primeiro!” arrota o candidato à presidência da primeira potência mundial, apostando tudo no rancor da pequena classe média branca do interior dos Estados Unidos, sacrificada no altar da revolução econômica e da globalização. Em vez de “globalização”, Trump quer a “americanização” do mundo. E quem não quiser aceitar, que se lixe sozinho ou será esmagado pelo poderio dos Estados Unidos se tentar resistir.

Piadas sobre pênis e mulheres menstruadas

Hillary Clinton vai ter que enfrentar esse vendaval de discursos irresponsáveis, violentos, mentirosos e claramente grosseiros que conseguiu seduzir boa parte do eleitorado branco de meia idade. Como responder a um sujeito que faz piadas sobre mulheres menstruadas, o tamanho do próprio pênis, e cujo tema de campanha é o slogan “Clinton na cadeia”? Mas a candidata democrata não é nenhuma donzela sem experiência. Por enquanto, ela é a favorita de uma coalizão social muito ampla: as minorias étnicas negras e hispânicas, uma grande maioria de mulheres, os principais centros urbanos e Estados da federação que mais se beneficiaram da globalização, e uma forte maioria da juventude insatisfeita que se entusiasmou pelo candidato democrata esquerdista Bernie Sanders.

Não é por nada que Hillary escolheu um vice-presidente centrista Tim Keine. Ela sabe que boa parte dos partidários de Sanders, apesar de detestarem a sua imagem de candidata dos lobbies e dos ricos, vão sempre preferir votar nela do que no demagogo republicano. Keine está aí para atrair os eleitores conservadores independentes, e até republicanos de carteirinha, que não suportam a idéia de ver Donald Trump na Casa Branca.

Se Trump vencer, EUA vão se fechar ao mundo

Por enquanto, Hillary ainda está na frente nas sondagens de opinião. Mas não há dúvida de que a campanha vai ser duríssima e o resultado final será pau a pau. O resto do mundo vai ter que ficar assistindo, nervoso, a um embate que vai definir o futuro do planeta. Mas que o vencedor seja Trump ou Clinton, o mundo vai ter que aprender a viver com uma América muito mais fechada, cobradora e muito menos preocupada com o que acontece fora de suas fronteiras.

E pior ainda, a revolução tecnológica capitaneada pelos Estados Unidos está fortalecendo a economia doméstica americana que não precisa mais, tanto quanto antes, dos mercados externos. Mas sem os Estados Unidos como garante em última instância da ordem mundial herdada da Segunda Guerra mundial e do fim da Guerra Fria, a vida internacional será muito mais instável, perigosa e violenta. Os outros que apertem os cintos.
 

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