O presidente da Venezuela lançou um novo plano para administrar o abastecimento de alimentos no país. A decisão aconteceu dias após centenas de venezuelanos cruzarem a fronteira para comprar na Colômbia.
Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas
O general Vladimir Padrino López agora está à frente da chamada "Grande Missão Abastecimento Soberano". A escolha é simbólica, já que até mesmo os militares, considerados uma classe abastada na Venezuela, estão descontentes com os rumos que o país está tomando. “Toda ordem de abastecimento do país está em minhas mãos e nas de Padrino López”, afirmou Maduro em rede nacional de rádio e TV.
A Missão Abastecimento Soberano entrará em vigor sob o Decreto de Emergência Econômica determinado pelo Tribunal Supremo de Justiça há alguns meses. Padrino López terá pela frente uma grande responsabilidade já que a Venezuela está em dívida com diversos credores internacionais, um dos fatores pelos quais não está chegando matéria-prima nem produtos ao país.
Outro problema é o corte de 60% no orçamento nacional para novas importações. A escassez, que já era grave ano passado, agora é muito pior. Para falar em números, somente na capital, Caracas, há desabastecimento de 80% de produtos da cesta básica. No interior, essa situação é ainda mais grave. Mas para quem afirma estar sob uma “guerra econômica”, nada mais apropriado para enfrentá-la que um general.
Maduro autoriza abertura de fronteira com a Colômbia
No fim de semana, o presidente Nicolas Maduro autorizou a abertura provisória da fronteira com a Colômbia, fechada há quase um ano, para que venezuelanos pudessem fazer compras no país vizinho, mas embora autorizada pelo governo, a travessia de cerca 35 mil venezuelanos prejudicou ainda mais a imagem da presidência de Nicolás Maduro.
Quem fez a viagem pensou que pudesse evar para casa produtos que desapareceram das mesas venezuelanas, como arroz, açúcar, leite e farinha de milho. Além da escassez, a inflação vem obrigando o povo a reduzir o consumo de comida. Algumas famílias fazem apenas duas refeições por dia. A situação é ímpar e muitos venezuelanos têm feito da manga, cuja temporada abastece as inúmeras mangueiras espalhadas pelo país, o principal alimento. Outra mostra da situação do país é a busca por restos de alimentos nas lixeiras por venezuelanos de todas as idades.
Esse período crítico onde a comida anda escassa tem sido chamado pelos venezuelanos de a “dieta de Maduro”. Está previsto para agosto uma reunião das chanceleres da Colômbia e da Venezuela para conversar sobre a reabertura da fronteira.
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