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Linha Direta

Apoio de Obama pode ser fundamental para Hillary vencer Trump

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Depois de o FBI anunciar que não recomendará à procuradoria-geral o indiciamento de Hillary Clinton pela troca de mais de 60 mil e-mails sem o aparato de segurança do governo, um comício uniu a ex-secretária de Estado ao presidente Barack Obama nesta terça-feira (5).

A candidata democrata, Hillary Clinton, e o presidente norte-americano, Barack Obama, durante comício nesta terça-feira (5) em Charlotte, na Carolina do Norte.
A candidata democrata, Hillary Clinton, e o presidente norte-americano, Barack Obama, durante comício nesta terça-feira (5) em Charlotte, na Carolina do Norte. REUTERS/Brian Snyder
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

Oito anos depois de dividirem um palanque pela última vez, quando Hillary Clinton, depois de primárias disputadíssimas, anunciou seu apoio formal a Barack Obama, o agora presidente dos Estados Unidos se encontrou com sua ex-rival em Charlotte, na Carolina do Norte, e iniciou seu primeiro comício na campanha 2016, aos gritos de “Hil-la-ry! Hil-la-ry!”, mostrando-se um cabo eleitoral empolgadíssimo e que pode fazer toda a diferença.

O apoio de Obama será fundamental, algo que, aliás, poucos esperavam dois anos atrás. O presidente norte-americano está terminando seu segundo mandato com recordes de popularidade - uma aprovação de 52% -, especialmente entre os negros, as mulheres, os gays, os jovens e os cidadãos de origem latino-americana.

Esta é justamente a coalizão que Hillary espera amealhar para vencer Donald Trump em novembro. E a escolha do primeiro comício de Obama na campanha de Hillary não foi mero acaso: a Carolina do Norte deu, com um comparecimento maciço de eleitores negros, vitória a Obama em 2008. Em 2012, Obama, desgastado, perdeu por pouco para Mitt Romney, mas Hillary foi direta ontem: “estamos recrutando voluntários e vamos ganhar na Carolina do Norte em novembro”.

Hillary e Obama estão aliviados com a decisão do FBI

Um dos maiores pavores dos democratas - a de que a ex-primeira-dama disputasse a presidência contra Donald Trump em meio a uma investigação da Justiça - parece ter desaparecido nesta terça-feira. Hillary e Obama pareciam aliviados com a notícia de que o FBI não vai recomendar o indiciamento da candidata democrata pela Justiça. Mas, ainda assim, o episódio é um problema para a ex-secretária de Estado, que, segundo as pesquisas, é vista pelos eleitores como ardilosa e pouco afeita à verdade.

O problema é que Hillary afirmou publicamente que nenhuma informação secreta havia sido discutida nos e-mails particulares e o F.B.I. informou que nada menos do que 110 mensagens continham material delicado aos interesses dos Estados Unidos. A investigação também chegou à conclusão que “grupos hostis” poderiam ter tido acesso à comunicação de Hillary. O diretor do FBI deu uma bronca pública na candidata e em seus assessores na Secretaria de Estado, dizendo que eles foram irresponsáveis, ainda que não tenham cometido crime.

Reação dos republicanos

Donald Trump disse que o episódio prova que a democracia norte-americana está viciada e o principal líder do partido, o deputado Paul Ryan, que tem o cargo equivalente ao de presidente da Câmara dos Deputados no Brasil, mandou um recado para os Clinton: afirmou que ninguém deveria estar acima da lei.

O caso segue agora para a procuradora-geral, Loretta Lynn. Ela já avisou que seguirá as recomendações do FBI. Mas os republicanos reclamam que um encontro entre Lynn e o ex-presidente Bill Clinton, na semana passada, em um aeroporto no Arizona, foi, no mínimo, suspeito, e selou o que eles dizem ter sido um pacto para inocentar Hillary. É esta a narrativa que Trump irá martelar na mídia nas próximas semanas.

E aí voltamos ao comício de Charlotte: ao contrário de Hillary, Obama jamais foi percebido como parte da ‘elite de Washington’, contra a qual Trump bate duro, em um discurso populista de direita que tem assustado os democratas. Os estrategistas da campanha de Hillary acreditam que o presidente funcionaria como uma espécie de antídoto para a percepção de Hillary ser muito distante do norte-americano comum.

No comício desta terça-feira, Obama falou da cozinha sulista, de basquete, usou gírias da região, temas apreciados pelo eleitorado da Carolina do Norte. Também fez questão de dizer que a perspectiva de Hillary na Casa Branca o deixa "animadíssimo", uma resposta à crítica de que a campanha da democrata não conta com a empolgação dos eventos de Bernie Sanders.

Sanders segue sem declarar apoio formal a Hillary

Bernie Sanders diz que prepara uma declaração formal na convenção da Filadélfia no fim do mês, mas está deixando a campanha de Hillary às cegas sobre se a apoiará formalmente ou como será sua participação na convenção. Pesquisas começam a mostrar uma migração, ainda que pequena, de eleitores de Bernie para Trump, justamente por conta da distância que os dois teriam da elite governante do país, importando menos o fato de um estar à esquerda e o outro à direita do centro político.

Por isso Obama fez questão de atacar Trump no comício, tachando o bilionário de oportunista e aventureiro, e de afirmar que jamais os Estados Unidos tiveram uma pessoa tão preparada para governar o país do que Hillary Clinton. E que “está pronto para passar o bastão”.

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