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Farc

Francesa conta como é ser combatente das Farc

Menos de uma semana após a assinatura, em Havana, de um acordo de paz entre Bogotá e as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc), a RFI revela a existência de uma cidadã francesa entre os combatentes da guerrilha. Ela diz ser uma das raras europeias no grupo, que recrutou vários estrangeiros, inclusive brasileiros.

A francesa, que se apresenta como Nathalie Mistral, atua na Frente 57 das Farc.
A francesa, que se apresenta como Nathalie Mistral, atua na Frente 57 das Farc. Lise Josefsen Hermann.
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A combatente, que se apresenta como Nathalie Mistral, é natural de Montpellier, cidade do sul da França onde trabalhava, até o final da década de 1990, em projetos sociais. Em seguida, ela se mudou para a América Latina para integrar o movimento zapatista do subcomandante Marcos, no México, antes de ir para a Colômbia. Após mais de um ano tentando se aproximar dos guerrilheiros das Farc, ela combate atualmente na Frente 57 do grupo, que opera na região de Chocó, no noroeste colombiano.

“Eu não suporto viver em desacordo com minha ideias. Quando vemos a situação que essas pessoas enfrentam, nos damos conta de que a luta pela guerra é uma opção necessária. Não estou aqui porque gosto da guerra. Ninguém gosta disso. Mas a repressão não me deixa outra escolha”, comenta a francesa, que atua principalmente na organização das redes internacionais ligadas à guerrilha.

Maternidade na guerrilha

Nathalie também fala da dificuldade para as mulheres que participam do grupo, principalmente em caso de gravidez na selva. “Em uma guerra como essa, não se pode ter filhos. Não há condições para engravidar ou para criar uma criança”, relata. Em períodos de conflitos mais intensos, como durante o mandato do ex-presidente Alvaro Uribe, várias mulheres guerrilheiras foram obrigadas a abortar.

No entanto, com a diminuição da violência, algumas guerrilheiras puderam levar a gravidez até o fim, mas muitas tiveram seus filhos entregues a familiares ou amigos. Mas nem todas conhecem o paradeiro dessas crianças. Agora, com a possibilidade do fim do conflito, “estamos fazendo um trabalho para reunir os dados que permitam a essas mulheres encontrar seus filhos”, explica a francesa.

Nathalie afirma que pretende ficar na Colômbia mesmo após a implementação do acordo de paz assinado em Havana na semana passada, pois estima que a região ainda precisa de ajuda. “Me vejo, nos próximos anos, participando da construção de territórios de paz”, indica.

A francesa foi entrevistada pela jornalista dinamarquesa Lise Hermann, e afirma ser uma das únicas europeias recrutadas pela guerrilha (a outra é a holandesa Tanja Nijmeier, cuja identidade foi revelada em 2007). No entanto, ela explica que vários latino-americanos, entre eles brasileiros, panamenhos, venezuelanos, equatorianos e chilenos, atuam junto ao grupo na selva da Colômbia.

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