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Linha Direta

A poucos meses das eleições nos EUA, escolha dos candidatos segue incerta

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No calendário político norte-americano, em ano de eleições presidenciais, maio é o mês em que, tradicionalmente, os dois partidos majoritários anunciam quem serão seus candidatos. Mas não em 2016, quando os rumos da disputa pela sucessão do presidente Barack Obama segue nebulosa.

Fotomontagem dos candidatos a presidencial americana: Trump(esq.) Hillary Clinton, e Bernie Sanders
Fotomontagem dos candidatos a presidencial americana: Trump(esq.) Hillary Clinton, e Bernie Sanders AFP/ RFI
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

Na oposição, o bilionário Donald Trump está longe de conseguir o apoio unânime dos republicanos, cada vez mais desconfiados de que ele será esmagado pelos democratas nas eleições e poderá levar à derrota senadores e deputados do partido que disputam as eleições para o Congresso. A situação é ainda mais nebulosa entre os democratas, com o senador Bernie Sanders vencendo uma primária atrás da outra, embora não esteja conseguindo votos suficientes para ultrapassar Hillary Clinton.

Já estamos na primavera aqui nos EUA e nem consultando uma bola de cristal pode-se dizer quem se enfrentará em novembro, muito menos o favorito para se tornar o presidente da nação mais poderosa do planeta a partir do ano que vem. E isso é extremamente irregular para a democracia norte-americana.

O quadro mais provável hoje é o da disputa entre Hillary Clinton e Donald Trump, mas os dois, faltando pouco mais de dois meses para as respectivas convenções nacionais, ainda não conseguiram assegurar matematicamente o número necessário de delegados para serem confirmados como os respectivos candidatos de seus partidos.

Paul Ryan pode ser “candidato surpresa”

Com os senadores Ted Cruz e o governador John Kasich suspendendo suas campanhas, Donald Trump é “o candidato virtual” do Partido Republicano à sucessão de Obama. Mas daí a ele ser abraçado pela máquina do partido, o que fará toda a diferença em novembro, há uma enorme distância.

Ontem, ele foi a Washington beijar a mão de Paul Ryan, que tem um cargo equivalente ao de Presidente da Câmara dos Deputados aqui nos Estados Unidos, e é o líder informal da cúpula do Partido Republicano. Ryan, que foi candidato à vice-presidente na chapa de Mitt Romney, derrotada por Obama em 2012, tem recebido o apelo de caciques republicanos para se lançar candidato-surpresa na convenção de julho e assim impedir a aventura Donald Trump.

Como resposta, Trump ameaçou entrar com uma moção para retirar de Ryan a primazia de ser o comandante da convenção republicana. Os dois conversaram, trocaram apertos de mão, Ryan disse que Trump é “simpático e genuíno”, embora não tenha declarado apoio oficial a ele, e senadores e deputados pediram ao empresário para ele encontrar uma narrativa de campanha em que seja duro em temas como imigração mas sem “ofender ninguém”. É que há um problema bem prático para os republicanos que passa diretamente pela candidatura Trump: o controle do Congresso.

Senado dos EUA é “pedra no sapato” de Trump

De fato, em novembro também estarão em jogo o Senado e a Câmara dos Representantes, hoje controlados pelos republicanos. E o Senado, especificamente, é uma pedra no sapato de Trump.

O controle do Senado, nos EUA, é essencial para a escolha de juízes da Suprema Corte e para a aprovação de medidas cruciais, especialmente de política interna. Por exemplo, se os republicanos controlassem o Senado no início do governo Obama, o programa de reforma da Saúde pública, o Obamacare, jamais teria sido aprovado.

A maioria republicana, conquistada em 2014, é apertada, e vários senadores que disputam reeleição em Estados, com número significativo de eleitores progressistas ou de minorias étnicas, até medalhões como o ex-candidato à presidência John McCain, no Arizona, estão sendo massacrados pelos democratas, que os associam diariamente, em propagandas na tevê e no rádio, ao discurso radical de direita de Donald Trump. 

McCain, está, de acordo com as pesquisas, em empate técnico com a candidata democrata, em uma disputa que deveria ser tranquila para ele. Se perderem a Casa Branca pela terceira eleição seguida e, de lambuja, o Senado também, os Republicanos terão sofrido o pior revés eleitoral de uma geração. Paul Ryan e senadores mais experimentados do partido temem ser muito difícil reverter este quadro.

Por outro lado, nenhum republicano teve, até agora, a ousadia de se apresentar como alternativa a Trump na convenção, com receio de ser acusado de estar desrespeitando a vontade da maioria dos simpatizantes do partido. Por isso, boa parte do movimento anti-Trump dentro do Partido Republicano já começa a namorar a ideia de apoiar Hillary Clinton.

Bernie Sanders promete acirrar disputa com Hillary Clinton

Do lado dos democratas, Hillary Clinton já recebe apoio até dos republicanos moderados, mas não consegue convencer Bernie Sanders a apoiá-la. O senador venceu as duas últimas primárias, em Indiana e Virgínia Ocidental, e agora joga todas as fichas nas duas disputas da terça-feira (17), no Kentucky, onde Hillary é a favorita, e no Oregon, que é reduto dele.

Mesmo com a vantagem imensa na contagem dos delegados para Hillary, Bernie jura que vai seguir a campanha até pelo menos junho, o que é uma tremenda dor de cabeça para a ex-secretária de Estadi. Ela já gostaria de estar focada na batalha contra Donald Trump.

O principal argumento da esquerda do Partido Democrata são as pesquisas, que mostram Bernie estraçalhando Trump nas eleições de novembro, levando muito mais eleitores democratas às urnas do que Hillary. É bom lembrar que o voto aqui nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, não é obrigatório, e fazer o seu eleitor sair de casa é crucial para vencer nos Estados em que a disputa é apertada, como Ohio, Flórida, Colorado, Nevada e Novo Hampshire. Ou seja, junho e julho serão meses animados, talvez mais do que gostariam democratas e republicanos, na disputa para a Casa Branca e o Capitólio.

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