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Linha Direta

Trump vence em cinco estados e Hillary em quatro no "Super Tuesday"

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Em mais uma super-terça-feira, com cinco estados da Costa Leste dos EUA em disputa, as primárias presidenciais americanas chegaram a uma encruzilhada: impedir uma disputa entre Hillary Clinton e Donald Trump em novembro ficou praticamente impossível, mas os adversários diretos dos dois francos favoritos se recusam a sair da disputa.  

O candidato republicano Donald Trump
O candidato republicano Donald Trump REUTERS/Lucas Jackson
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Eduardo Graça, correspondente da RFI em Nova York

Embora tenham aberto uma grande vantagem, Trump e Clinton ainda não conseguiram assegurar 51% dos delegados para suas respectivas convenções. Ontem Hillary venceu na Pensilvânia, um dos mais importantes nas eleições gerais, e também em Connecticut, Delaware e Maryland, perdendo para o senador Bernie Sanders apenas em Rhode Island. Já Trump venceu disparado em todos os estados em disputa, liderando em todos os grupos de eleitores.

Esta não é, definitivamente, uma eleição como as outras. Os outros dois candidatos republicanos que ainda seguem na disputa, o senador Ted Cruz e o governador John Kasich, chegaram a anunciar uma exótica união de forças nas primárias dos próximos dias 3 e 17, em dois estados importantes, Indiana e Oregon. Em Indiana, de perfil mais conservador, Kasich liberou seus militantes para fazer campanha para Cruz. E este fez o mesmo para Kasich no mais liberal Oregon.

Do alto de suas cinco vitórias ontem, Trump disse que a união de seus dois adversários mostra o desespero dos que ainda resistem à sua cada vez mais inevitável indicação à presidência pelo Partido Republicano. Os que não aceitam o discurso radical de Trump ainda apostam que ele não conseguirá a maioria dos delegados até Cleveland e que um nome de consenso surja no último momento nos bastidores da convenção.

Movimento Never Trump saiu chamuscado

Há três dados especialmente importantes nas pesquisas de boca-de-urna nos cinco estados que foram às urnas ontem: o primeiro é o de que Trump venceu, entre os republicanos, em todos os grupos em todos os distritos de todos os estados, conservadores, religiosos, jovens, idosos, brancos, minorias étnicas. O segundo é que a maioria esmagadora dos eleitores republicanos dizem que quem recebeu mais votos nas primárias tem de ser o indicado do partido ou é golpe. E o terceiro, mas não o menos importante, é a quantidade de eleitores originalmente afiliados ao Partido Democrata, que, em número recorde, migraram para a oposição em tempo hábil para votar em Trump na Pensilvânia, um estado-chave para a vitória em novembro.

Só para se complicar, Trump deu mais motivos para a dor de cabeça republicana em seu discurso de vitória ontem. Primeiro ao dizer que só chama a adversária democrata de Velhaca Hillary. Depois ao acusá-la de usar o fato de ser mulher de forma manipuladora afirmando que “se ela fosse homem, não teria nem 5% dos votos que conquistou até hoje”. O linguajar chulo causa arrepios nos republicanos porque as mesmas pesquisas mostram Trump muito atrás de Hillary entre eleitoras e minorias étnicas. Sem as mulheres e os hispânicos é matematicamente impossível para os republicanos voltarem à Casa Branca.

Doações mantêm campanha de Bernie Sanders

Neste momento, apenas a empolgação de um movimento que se traduz em milhares de doações de cidadãos de todos os EUA ao candidato socialista anti-grandes corporações e crítico a Wall Street. Bernie ontem fez um apelo aos superdelegados, democratas que têm cargo eletivo e contam, cada qual, um voto na convenção, a apoiarem o candidato que atraiu, durante as primárias, mais votos entre republicanos e independentes.

A lógica é que ele conseguiria, assim, ser eleitoralmente mais viável do que Hillary em novembro. Mas já se fala abertamente na campanha de Bernie que as possibilidades matemáticas de se vencer Hillary estão se esgotando e que agora será fundamental se posicionar de forma mais inteligente para influir na campanha geral do partido e empurrar Hillary para a esquerda na disputa com o candidato republicano, ou Trump ou um político escolhido do que boa parte dos simpatizantes da direita começam a identificar como ‘fruto de um golpe político’, termo que os americanos associam mais a repúblicas das bananas do que a seu país.
 

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