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América Latina/ drogas

Países produtores de cocaína querem “fim da repressão” às drogas

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, tem a intenção de legalizar o uso medicinal da maconha no país. O anúncio, feito nesta quinta-feira (21), acontece no mesmo dia em que os presidentes dos três maiores produtores de cocaína – Colômbia, Peru e Bolívia – defenderam, na ONU, o fim da política de repressão para combater as drogas.

Presidente da Bolívia, Evo Morales, discursa na ONU, depois do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos (ao fundo).
Presidente da Bolívia, Evo Morales, discursa na ONU, depois do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos (ao fundo). REUTERS/Mike Segar
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Nos Estados Unidos, os presidentes dos três grandes produtores de cocaína da América Latina se uniram para enterrar de vez a "receita da repressão" na luta contra as drogas e promover uma abordagem baseada na saúde e na cooperação internacional. O colombiano Juan Manuel Santos, o peruano Ollanta Humala e o boliviano Evo Morales discursaram no encerramento da sessão especial da Assembleia Geral da ONU sobre o problema mundial das drogas, aberta na terça-feira (19), em Nova York.

Santos denunciou o fracasso da chamada "guerra contra as drogas" lançada pelos Estados Unidos na década de 1970 para pôr fim ao tráfico e argumentou que, agora, é hora de rever a questão com uma abordagem humana. A Colômbia foi um dos países que impulsionaram a sessão, junto com México e Guatemala.

Segundo o presidente colombiano, o documento aprovado pela ONU é um "passo na direção correta", que se aproxima de uma visão "mais global", embora "não seja suficiente". Ainda de acordo com Santos, a sessão especial da ONU marca um "processo irreversível de transformação da política de drogas".

Mais envolvimento de países consumidores

Antes dele, Ollanta Humala pediu que se enfrente o problema do ponto de vista de uma "responsabilidade compartilhada" entre países produtores e consumidores, como os Estados Unidos. "O Peru está fazendo seu trabalho" e reduziu a área de cultivo de cocaína para narcotráfico de 63 mil hectares, há cinco anos, para atuais 33 mil, informou.

Humala defendeu o "uso milenar da folha de coca", pediu "respeito" pelos povos que a utilizam para fins medicinais ou para se alimentar e destacou a importância de "se levar a presença do Estado" para zonas de cultivo. Ele se referiu ainda à reconversão dos cultivos, citando o exemplo do desenvolvimento do cacau no Peru, hoje em dia "oitavo produtor mundial", graças à cultura em zonas antes dedicadas à coca.

Já o boliviano Evo Morales pediu "ações concretas" para liberar a região "do problema da droga como pretexto de dominação". "É preciso acabar com o intervencionismo", afirmou o presidente boliviano, que também pediu um novo olhar para esse tema. No encontro, Morales mostrou uma folha de coca, que disse usar em sua forma natural por se tratar de um "alimento saudável" e "medicinal".

A sessão especial da Assembleia Geral da ONU sobre as drogas foi aberta com a aprovação de um documento que busca estabelecer uma nova abordagem de saúde compartilhada por vários países da América Latina. Apesar dos avanços, alguns países, como Uruguai e Jamaica, criticaram que não se tenha incluído algum tipo de menção à descriminalização da posse de determinadas substâncias.

México quer liberar uso medicinal da maconha

Enquanto isso, no México, o presidente Peña Nieto abriu a via para o país autorizar o uso medicinal da cannabis. “Vou assinar uma proposta de reforma da lei de saúde e do Código Penal, para permitir o uso de medicamentos elaborados à base de maconha e/ou de seus princípios ativos”, disse Peña Nieto, em uma reunião na Cidade do México.

O líder também avalia aumentar a cota máxima permitida legalmente de porte de entorpecentes, dentro de uma proposta de revisão da política nacional anti-drogas. O limite passaria dos atuais 5 gramas para 28 gramas.

Historicamente, o presidente se opunha à liberalização das leis sobre as drogas, mas começou a mudar de postura nos últimos meses, em reflexo ao desencanto regional quanto à “guerra às drogas” promovida no passado.

Com informações AFP e Reuters
 

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