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Papa visita prisão em Ciudad Juárez antes de missa

O papa Francisco questionou se o encarceramento é capaz de resolver os problemas de segurança, durante sua passagem em uma prisão em Ciudad Juárez, última etapa de sua visita ao México, que deve terminar, nesta quarta-feira (17) com uma missa na fronteira com os Estados Unidos.

Papa Francisco no México
Papa Francisco no México Fuente: Reuters.
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"Às vezes parece que os presídios se propõem a incapacitar as pessoas a seguir cometendo delitos mais do que promover os processos de reabilitação", manifestou o pontífice no Centro de Adaptação Social dessa localidade fronteiriça com os Estados Unidos, considerada, no passado, como uma das mais perigosas do mundo. "O problema da segurança não se esgota somente encarcerando", apontou.

O pontífice disse aos presos que "quem experimentou o inferno pode se tornar um profeta na sociedade". "Trabalhem para que esta sociedade não continue produzindo vítimas."

"Essa experiência é uma pausa em nossas vidas", disse ao papa a detenta Evelia Quintana, vestida com o uniforme cinza dos presos. "Trabalhamos para que nossos filhos e filhas não repitam esta história", completou a mãe de uma adolescente.

Líderes trabalhistas

Após a visita ao presídio, Francisco se encontrou com líderes trabalhistas e empresariais, a quem advertiu sobre a falta de oportunidades para os jovens mexicanos.

"Um dos maiores flagelos a que são expostos seus jovens é a falta de oportunidade de estudo e de trabalho, gerando, em muitos casos, situações de pobreza. Essa pobreza é terreno fértil para que caiam no círculo do narcotráfico e da violência", advertiu.

Desde as primeiras horas da manhã, milhares de pessoas com bandeiras e camisas com os dizeres "Eu amo o papa" começaram a se reunir para esperar a missa em uma esplanada junto ao fronteiriço rio Bravo, onde, a cada ano, passam centenas de migrantes em busca do sonho americano.

María Cruz Bautista, de 62 anos, fez a viagem desde Chicago para se reunir com sua família em Juárez e ver esse dia "histórico" para sua cidade natal, que deixou aos 14 anos.

Disse que esperava ansiosa as palavras que Francisco irá pronunciar como "uma mensagem positiva, não apenas para as pessoas de ambos os lados (da fronteira), mas para os governantes, para que tenham mais piedade e mais consideração com os migrantes".

Respeito aos migrantes

A maioria dos migrantes que atravessam o rio Bravo são centro-americanos que fogem da violência e da pobreza de seus países e se arriscam a atravessar o México, onde enfrentam extorsões, sequestros e inclusive assassinatos orquestrados pelo crime organizado.

Depois de lançar duras mensagens contra o narcotráfico e a corrupção em sua visita ao México, é esperado que o papa se foque na dramática situação dos migrantes durante a missa, que será retransmitida por um telão do outro lado da fronteira, em um estádio de El Paso, no Texas.

Perto de onde será realizado o ofício religioso, está o humilde refeitório comunitário "El Pescador", ponto de passagem para muitos migrantes como Isaías Franco, um salvadorenho de 47 anos.

"Nós não faremos mal a ninguém, só saímos de nossos países em busca de um futuro melhor. Só pedimos respeito", expressou este homem que viveu sete anos em Oklahoma antes de ser deportado em 2011.

Nos últimos meses, foi registrada uma onda de deportações no território mexicano, que se somam às que realizam os Estados Unidos, que as intensificou recentemente.

No país americano, posições contra a imigração, como as do aspirante presidencial republicano Donald Trump, têm cada vez mais voz: o magnata lamentou, na terça-feira, que Francisco seja uma personalidade "muito política" que não entende "o perigo de ter uma fronteira aberta", como a que há hoje com o México.

Anos violentos

A migração é somente um dos problemas que assolam Juárez por sua condição fronteiriça.
Situada no deserto de Chihuahua, esta cidade viveu os piores anos da guerra contra o narcotráfico entre 2008 e 2011, em meio aos confrontos entre o cartel de Juárez e de Sinaloa, de Joaquim "El Chapo" Guzmán.

Dezenas de jovens mulheres desapareceram nesses anos e seus familiares continuam realizando buscas ou exigindo justiça por aquelas que apareceram em pedaços no deserto, voltando à memória a época aterradora dos feminicídios dos anos 1990.

A missa será a última atividade de Francisco no México, que partirá para Roma à noite.
 

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