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Papa

Escala final do papa no México, Juarez é símbolo da imigração ilegal

Considerada durante muito tempo como a cidade mais perigosa do mundo, Juarez se tornou um dos emblemas do fluxo migratório ilegal entre México e Estados Unidos. A localidade é a última escala da viagem do papa Francisco ao território mexicano nesta quarta-feira (17).

Crianças escalam grade que separa México dos Estados Unidos, em Juarez, durante protesto de apoio às famílias divididas pela fronteira.
Crianças escalam grade que separa México dos Estados Unidos, em Juarez, durante protesto de apoio às famílias divididas pela fronteira. REUTERS/Jose Luis Gonzalez
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Não é à toa que o chefe da Igreja Católica escolheu a cidade na fronteira com os Estados Unidos para concluir sua viagem ao México. Além de lutar há anos contra a criminalidade, alimentada pela guerra entre o cartel local e o de Sinaloa – que tem entre seus membros mais famoso Joaquín "El Chapo" Guzmán – Juarez, que chegou a contabilizar três mil assassinatos em 2010, é também o principal ponto de passagem ilegal para o vizinho do norte. Mesmo se a violência tem diminuído nos últimos anos, desde a mudança do governo local, a questão da imigração ilegal continua estigmatizando a região.

O tema já foi abordado pelo sumo pontífice durante as primeiras escalas da viagem ao México. No domingo, Francisco pediu aos mexicanos que façam de seu país uma terra de oportunidades, onde "não haja necessidade de emigrar para sonhar" e onde não exista o risco de cair nas mãos do que chamou de "traficantes da morte". Durante a passagem por Juarez, o papa deve se aproximar das grades fronteiriças, em homenagem às pessoas que arriscam suas vidas na travessia.

Milhares de sul-americanos atraídos pela riqueza dos Estados Unidos

Os Estados Unidos tem uma fronteira comum de 5 mil km com o México. Mas Juarez entrou de verdade na rota dos candidatos à imigração apenas nos anos 1980. Na época, atraídas pela proximidade com os vizinhos norte-americanos, várias empresas estrangeiras se instalaram na região, abrindo fábricas onde milhares de mexicanos trabalhavam por baixos salários. Mas a concorrência com a China provocou o fechamentos de diversas companhias, criando uma onda de desemprego inesperada na região. Desde então, diante da pobreza, a cada dia, milhares de pessoas, atraídas pela riqueza do vizinho norte-americano, tentam atravessar o Rio Bravo para chegar até El Paso, nos Estados Unidos.

Além dos mexicanos, moradores de vários países da América Latina não param de chegar na região para tentar cruzar ilegalmente a fronteira. Os brasileiros são menos numerosos, mas já fizeram parte do contingente de candidatos à imigração, fenômeno que chegou a inspirar personagens na telenovela “América”, que foi ao ar na Rede Globo, em 2005.

Além das questões de segurança, com a presença de grupos que organizam o tráfico de pessoas, esse contexto provoca um aumento demográfico no norte do México. Segundo especialistas, se o fluxo de candidatos à migração não diminuir, nos próximos 25 anos cerca de 40% da população do país estará vivendo nas zonas fronteiriças. O número não ultrapassava 15% nos anos 1990, mas já representa 20% atualmente.

Crianças atravessam fronteira sozinhas

O fluxo migratório rumo aos Estados Unidos, passando pelo México, tem atingido pessoas de várias idades. Em 2014, as autoridades chamaram a atenção para o aumento de crianças que tentavam atravessar sozinhas a fronteira. O fenômeno chegou a provocar uma crise nos serviços de imigração norte-americanos, que não sabiam como controlar os mais de 50 mil menores desacompanhados que se lançaram na aventura na região de Juarez.

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