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Saiba o que mudou um ano após reaproximação entre Cuba e EUA

Cuba e Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira (17) um acordo para regular o serviço aéreo entre os dois países. A medida faz parte do plano de reaproximação iniciado entre Havana e Washington, que completa um ano essa semana. Mas será que o discurso diplomático tem apresentado um efeito concreto na vida dos cubanos?

Cubanos esperam diante do terminal de desembarque do aeroporto de Havana, onde número de chegadas de turistas vem aumentando no último ano.
Cubanos esperam diante do terminal de desembarque do aeroporto de Havana, onde número de chegadas de turistas vem aumentando no último ano. REUTERS/Stringer
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Em nota oficial, o Departamento de Estado norte-americano celebrou o fato de que delegações dos dois países "alcançaram um acordo bilateral para estabelecer serviços aéreos regulares". Já a embaixada cubana em Washington foi mais ponderada, declarando que partes "acordaram de forma preliminar o texto de um Memorando de Entendimento para o estabelecimento dos voos", cuja adoção "se confirmará nos próximos dias pelos dois governos".

A nuance de discurso entre os dois países dá o tom das relações atuais entre Estados Unidos e Cuba desde o anúncio, há um ano, da reaproximação diplomática entre Havana e Washington após mais de 50 anos de embargo. Mesmo se o episódio, coroado por apertos de mão simbólicos dos chefes de Estado, suscitou interesse internacional, com impacto principalmente nos negócios e no turismo, para grande parte dos cubanos, a situação continua a mesma na ilha comunista.

Cuba registrou aumento de 17% no turismo em 2015

Desde o meio do ano, Estados Unidos e Cuba reabriram formalmente suas respectivas embaixadas e os dois países parecem empenhados no longo e difícil processo de normalização completa de suas relações bilaterais. Bandeiras norte americanas podem ser vistas nas ruas de Havana, onde hotéis, restaurantes e bares estão lotados, aproveitando a entrada facilitada de turistas no país, que tem crescimento de 17% previsto este ano. Até mesmo a marca de luxo Chanel decidiu realizar seu próximo desfile croisière em maio de 2016 nas terras de Fidel Castro.

No entanto, esse embalo parece ter pouca repercussão na vida da população, que ainda sobrevive com salários médios de US$ 20 por mês. “Foi uma alegria pensar que haveria uma mudança, mas para nós, os mais pobres, nada aconteceu até hoje”, comenta Julio Miro, um aposentado de 83 anos.

Para piorar a situação, a reaproximação diplomática entre os dois países provocou uma alta de 78% no número de cubanos que foram para os Estados Unidos, segundo dados do instituto Pew Research Center. A maioria desses migrantes decidiu deixar a ilha temendo que o regime especial de imigração ao qual beneficiam do lado norte-americano desapareça.

Repressão continua em Havana

Outra crítica frequente nos últimos meses, principalmente vinda dos exilados cubanos que vivem nos Estados Unidos, é sobre o aumento da repressão na ilha comunista. “Foi um ano de prisões”, lamentou Bertha Antunez, opositora ao regime cubano, durante uma conferência em Miami.

“Encorajados pelas concessões unilaterais, o regime reforçou a repressão e se consolidou no poder”, garante Orlando Gutierrez Boronat, do Diretório democrático cubano, ao apresentar uma carta aberta ao presidente norte-americano, Barack Obama. Já o comissário das Nações Unidas para os direitos humanos, Zeid Ra'ad al Hussein, alertou na semana passada para “centenas de detenções arbitrárias” registradas apenas na jornada internacional dos direitos humanos em Cuba.

Nesta quinta-feira, data do aniversário de um ano do início da reaproximação entre os dois países, o presidente norte-americano Barack Obama, que já indicou sua vontade de visitar Cuba até o final de seu mandato, em janeiro de 2017, pediu novamente ao Congresso o fim do embargo imposto à ilha desde 1962. A maioria republicana rejeitou o solicitação.

(Com informações da AFP)
 

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