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Guatemala/Renúncia

Presidente da Guatemala renuncia após mandado de prisão por corrupção

O presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina, apresentou sua renúncia ao congresso guatemalteco nesta quinta-feira (3). A notícia foi anunciada há poucas horas pelo porta voz da presidência. Otto Pérez, cujo mandato termina no próximo mês de janeiro, está envolvido em um escândalo de corrupção. Na última terça-feira (1), ele perdeu sua imunidade parlamentar e logo depois, no dia seguinte, recebeu um mandado de prisão.

O presidente da Guatemala, Otto Pérez abandona a presidência depois de perder sua imunidade no Congresso.
O presidente da Guatemala, Otto Pérez abandona a presidência depois de perder sua imunidade no Congresso. REUTERS/Jorge Dan Lopez/Files
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Da correspondente da RFI no México, Fernanda Brambilla

Após uma grande pressão popular, Otto Pérez renunciou às vésperas da eleição presidencial, que acontece no próximo domingo (6). Ele apresentou sua renúncia ao Legislativo, dois dias depois de perder sua imunidade parlamentar em uma decisão unânime do Congresso guatemalteco. Pérez Molina será investigado por denúncias de corrupção. Ele é suspeito de liderar uma quadrilha que desviava milhões de dólares dos recursos aduaneiros do país.

O porta-voz presidencial, Jorge Ortega, comentou que a demissão foi apresentada logo depois que um juiz emitiu uma ordem de detenção, horas atrás. Segundo Ortega, Pérez Molina tomou essa decisão para garantir a estabilidade institucional do país e manter a figura da presidência distante do processo judicial. A notícia foi uma surpresa, justamente porque na segunda-feira (31), em sua última coletiva de imprensa, Pérez Molina disse que não tinha a menor intenção de deixar o cargo e que estava muito seguro e tranquilo de que comprovaria a falsidade das acusações contra ele.

Renúncia depende de aprovação do Congresso

A renúncia do presidente está nas mãos do Congresso do país, que pode ou não aprovar o pedido. Com a saída de Pérez Molina, o vice-presidente Alejandro Maldonado assume a presidência da Guatemala como interino, até que seja anunciada uma sentença definitiva para Pérez Molina.

Na noite passada, a ex-vice presidente Roxana Baldetti, foi transferida do quartel militar onde cumpria prisão preventiva desde agosto e foi levada a um centro de detenção feminino. Roxana renunciou em maio e é acusada de liderar, com Pérez Molina, uma rede de fraude. Enquanto era trasladada, muitos guatemaltecos soltaram fogos de artifício em comemoração.

"Primavera Árabe" versão Caribe?

Alguns veículos de comunicação do país comparam o que acontece atualmente na América Central com as manifestações que aconteceram no Oriente Médio em 2011, que ficaram conhecidas como a Primavera Árabe. Em comum, esses países do Caribe têm suas crises centradas na perda de legitimidade de seus governos por corrupção. A Guatemala, que é o grande país do bloco, com 15 milhões de habitantes, vive uma crise política sem precedentes. As manifestações duram meses e querem o impeachment do presidente Molina, devido às denúncias de desvio dos recursos aduaneiros.

Honduras é a vizinha cuja situação é a mais parecida, já que a onda de protestos, que começou há alguns meses, começou com denúncias de que o presidente Juan Orlando Hernández estava vinculado a um esquema de corrupção no sistema de saúde pública. Na Nicarágua, foi um acordo comercial entre o chefe de governo Daniel Ortega com chineses que gerou suspeitas e revoltas. A proposta de Ortega prevê um canal que faria concorrência ao Canal do Panamá, com uma vasta destruição de áreas rurais. A pequena diferença vem de El Salvador; o país que mais sofre com a violência, vive imerso em um conflito civil que, só em agosto, deixou 750 mortos, uma média de 27 por dia.

À sua maneira, os problemas estão vindo à tona e as pressões sociais estão transbordando na América Central. Os manifestantes dessa recente onda na Guatemala se autoentitulam "indignados", termo que foi muito usado pelo movimento popular espanhol de 2011, também contra a corrupção do governo, e que acabou sendo o embrião do partido político de esquerda "Podemos".

A mobilização via redes sociais, algo que também se viu no México antes da eleição de Enrique Peña Nieto, foi de grande importância. Na Guatemala, um evento recente criado no Facebook convidando os cidadãos às ruas, levou 30 mil a protestar. Os hondurenhos também se organizaram online há algumas semanas. Em El Salvador, a próxima manifestação, também marcada pelas redes sociais, acontece no próximo sábado (5).

Em um mundo conectado, até a revolta popular brasileira repercute por esses lados. No caso de Pérez Molina, no entanto, ele tem o tempo a seu favor: se conseguir arrastar seu julgamento, seus problemas têm data para terminar.

 

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