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Presidente da Colômbia retorna a Cúcuta e tranquiliza deportados

Pela segunda vez em quatro dias, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, visitou neste sábado (29) a cidade fronteiriça de Cúcuta, onde milhares de colombianos aguardam uma solução depois de terem sido deportados da Venezuela ou simplesmente fugido com medo da repressão do governo de Nicolás Maduro. "Vamos facilitar sua vida e, sobretudo, seu futuro", prometeu o líder colombiano.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, conversa com refugiados expulsos da Venezuela.
O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, conversa com refugiados expulsos da Venezuela. REUTERS/Jose Miguel Gomez
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Santos, que já havia estado na quarta-feira passada em Cúcuta com muitos colombianos expulsos, alguns separados dos filhos ou deportados "com a roupa do corpo", visitou um dos oito albergues montados na região, onde um total de 2.333 pessoas estão alojadas. Ele também conversou com pessoas que faziam fila em postos de gasolina e garantiu que "não haverá desabastecimento”.

O presidente colombiano reafirmou que seu governo irá propor uma solução de habitação e escola para as famílias. Ele confirmou que todos os afetados receberão uma ajuda de 250 mil pesos (o equivalente a R$ 2.900) durante três meses, mesmo se mudarem para outra cidade. "Vocês são colombianos e sempre serão bem-vindos em sua pátria", afirmou Santos.

A tensão diplomática entre Bogotá e Caracas começou no dia 19 de agosto, com o fechamento de algumas passagens fronteiriças entre os dois países. Maduro tomou essa decisão após um ataque de desconhecidos contra militares venezuelanos durante uma operação anticontrabando no estado de Táchira. O líder venezuelano atribuiu o ataque a "paramilitares colombianos" e, além de fechar a fronteira, mandou deportar os colombianos que viviam na região.

De acordo com um balanço oficial, desde o início da crise 7.162 colombianos deixaram a Venezuela passando pela cidade colombiana de Cúcuta, a principal localidade na fronteira de 2.219 km que separa os dois países. Desse total, 1.097 pessoas foram deportadas. A grande maioria fugiu com receio de ter o mesmo destino, por ameaças de militares venezuelanos e medo de perder seus pertences.

A crise se aprofundou quando, na quinta-feira passada, os dois países receberam denúncias em suas embaixadas sobre violação aos direitos humanos dos afetados. Na sexta-feira, Maduro anunciou o fechamento de um outro trecho da fronteira "para limpar o paramilitarismo, a criminalidade, o contrabando, os sequestros e o narcotráfico".

O líder da Venezuela tinha previsto viajar neste sábado para o Vietnã e a China em busca de apoio financeiro devido aos "momentos difíceis" que seu país atravessa.

Golpe na economia local

Em Cúcuta, cidade de 700 mil habitantes com fortes vínculos econômicos com a Venezuela e estreitos laços com os cidadãos do país vizinho, já se sente o impacto econômico do fechamento da fronteira, especialmente diante da falta de gasolina venezuelana vendida ilegalmente na Colômbia.

Santos iniciou sua visita deste sábado em um posto de gasolina, onde assegurou àqueles que aguardavam em longas filas que "não haverá desabastecimento". Para apaziguar a situação, Santos anunciou um aumento da cota da gasolina a preço inferior à tarifa nacional fornecida em postos de gasolina de Cúcuta.

As medidas repressivas de Maduro afetam também as casas de câmbio de Cúcuta, que diminuíram sua atividade, assim como os serviços vinculados ao trânsito de pessoas, como mototáxis e ônibus que prestavam serviço internacional. Os comerciantes locais também viram desaparecer os venezuelanos que iam buscar na Colômbia os produtos básicos em falta na Venezuela.

Acompanhando Santos na visita, o ministro da Fazenda, Maurício Cárdenas, admitiu à agência AFP que "as perdas são muito grandes".

OEA e Unasul avaliam crise

A crise diplomática será abordada na segunda-feira no conselho permanente da Organização de Estados Americanos (OEA). Na próxima quinta-feira, também a pedido da Colômbia, o conflito será tema de uma reunião extraordinária dos chanceleres da União de Nações Sul-americanas (Unasul), em Quito.

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