Senado americano suspende lei que autorizava escutas da NSA
O Senado americano não conseguiu um acordo, neste domingo, para evitar a expiração, à meia-noite, da Lei Patriótica antiterrorista (Patriotic Act), que inclui a coleta de dados telefônicos pela Agência de Segurança Nacional (NSA). O monitoramento das linhas telefônicas está temporariamente suspenso.
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O senador Rand Paul, que pretende disputar as primárias republicanas, bloqueou a adoção do texto, que já tinha sido aprovado pela Câmara de Representantes (baixa). Essa decisão foi bastante contestada, inclusive dentro do Partido Republicano. John McCain, profundamente crítico do colega, voltou a declarar que ele seria o pior candidato que o partido poderia escolher para disputar a presidência.
Mudança de paradigma
O mal-estar também se espalhou entre os democratas, que criticaram o líder da maioria, Mitch McConnell, por não ter um "plano B". O fim do aval do Senado à espionagem em larga escala, mesmo que provisório, mostra uma mudança de pensamento na classe política norte-americana, após as revelações do ex-técnico de informática Edward Snowden. Se, na década que sucedeu os ataques de 11 de setembro de 2001, a prioridade dos Estados Unidos foi a segurança nacional, a privacidade ganhou novo protagonismo depois de deflagrada a extensão da vigilância da NSA (Agência de Segurança Nacional, na sigla em inglês).
Melhor exemplo disso é o fato de que os dois partidos já haviam concordado sobre a necessidade de um melhor controle nas escutas de milhões de americanos sem nenhuma ligação com o terrorismo. No mês passado, a Casa passou, por imensa maioria, uma emenda que passa o armazenamento dos dados telefônicos interceptados do governo para companhias telefônicas.
"Lapso irresponsável"
O chefe da CIA, John Brennan, advertiu que a interrupção dos programas de vigilância incluídos na Lei Patriótica pode implicar em um aumento da ameaça terrorista. O presidente Barack Obama pede ao Senado que vote rapidamente uma solução.
Na noite de domingo, a Casa Branca emitiu um comunicado exigindo que a Casa "assegure que este lapso irresponsável das autoridades dure o mínimo possível. Em um matéria tão crítica quanto a segurança nacional, senadores individuais devem deixar de lado suas motivações partidárias e agir prontamente. O povo americano nõa merece menos do que isso".
A espionagem planetária feita pela NSA se estendeu até a chefes de Estado, como a chanceler alemã Angela Merkel e a presidente brasileira Dilma Rousseff. As duas tiveram seus celulares pessoais grampeados. No Brasil, essa revelação provocou o cancelamento de uma visita de Estado que Dilma faria aos Estados Unidos em outubro de 2013. Após um ano e meio de esfriamento, Dilma remarcou a visita para o próximo dia 30 de junho.
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