Homens atacam concurso de caricaturas de Maomé no Texas
A polícia americana matou dois homens que abriram fogo contra um centro cultural na periferia de Dallas, no Texas, onde acontecia um concurso de caricaturas do profeta Maomé. O político holandês de extrema-direita Geert Wilders, conhecido pelos comentários contrários aos muçulmanos, participava do evento.
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O ataque ocorreu na noite deste domingo (3). Durante os momentos finais do concurso, os dois homens se aproximaram de carro do Curtis Culwell Center, na cidade de Garland, e começaram a disparar contra um segurança no estacionamento do local, segundo um comunicado publicado pela prefeitura da cidade. Dois policiais que estavam nas proximidades reagiram e mataram os suspeitos. Antes de morrer, um deles tentou alcançar uma mochila que havia trazido.
O segurança foi ferido na canela e hospitalizado, mas já foi liberado. A polícia informou que o tiroteio durou apenas alguns segundos e que o veículo no qual os dois homens estavam poderia conter explosivos. Por isso, uma equipe do esquadrão antibombas inspecionou o carro. Cerca de 200 pessoas ainda estavam no lugar e foram retiradas em segurança do centro.
O concurso American Freedom Defense Initiative, conhecido pelas posições contrárias ao islamismo, era apresentado como um evento “pela liberdade de expressão”. A representação de Maomé é considerada ofensiva por muitos muçulmanos, o que levou os irmãos Said e Chérif Kouachi a atacarem, em janeiro, a redação do jornal satírico francês Charlie Hebdo, que publicava caricaturas do profeta. O atentado, ocorrido em Paris, deixou 12 mortos.
Suposta reivindicação
A organização SITE, especialista no acompanhamento de sites jihadistas, disse que um homem dizendo ser do grupo Estado Islâmico declarou, no Twitter, que o ataque em Garland foi feito por dois simpatizantes da rede extremista. Em uma série de três tweets, publicados ontem, o radical Abu Hussain Al Britani escreveu que "dois dos nossos irmãos abriram fogo contra a exposição artística do profeta Maomé no Texas". O homem reproduziu uma mensagem que parece ser dos dois autores do ataque, na qual eles se qualificam de "mujahidins" - que, em árabe, significa "combatentes em nome do jihad".
Um dos convidados do evento era o político populista holandês Geert Wilders. Em um email enviado à agência de notícias AFP, Wilders declarou estar "chocado" e denunciou "uma afronta às liberdades de todos". O líder do Partido para a Liberdade (PVV) disse estar "em segurança" e informou que "tinha acabado de falar durante meia hora sobre caricaturas, islã e liberdade de expressão, e tinha recém deixado o local".
O político afirmou "esperar que o ataque não esteja relacionado a uma lista de alvos da organização Al Qaeda", na qual ele é citado, assim como os caricaturistas "Charb, do Charlie Hebdo, Lars Vilks ou Kurt Westergaard". Charb foi um dos mortos no atentado na França. Vilks é sueco e Westergaard, dinamarquês.
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