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Venezuela/Crise

Maduro decreta guerra a empresas acusadas de especular

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou guerra contra empresas acusadas pelo governo de esconder artigos de primeira necessidade para a população, em um período de grande escassez de produtos no país. O governo promete lutar contra a chamada “guerra econômica” com “mão de ferro” e já prendeu empresários suspeitos de especulação.

O presidente venezuelano, Nicolas Maduro, decreta guerra contra empresas que escondem produtos da cesta básica.
O presidente venezuelano, Nicolas Maduro, decreta guerra contra empresas que escondem produtos da cesta básica. REUTERS/Costa Rica Presidency/Handout via Reuters
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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas

Na luta contra a chamada “guerra econômica” o governo da Venezuela mandou prender, até o momento, proprietários e gerentes de três estabelecimentos comerciais acusados de especulação e armazenamento indevido de produtos da cesta básica. Primeiro alvo foi a rede de farmácias Farmatodo. As constantes filas diante das 167 lojas do grupo espalhadas pelo país levaram o presidente a afirmar que se tratava de uma sabotagem e uma “tática de guerrilha” do setor privado contra seu governo.

Na terça-feira (3) foi a vez da rede de supermercados Dia a Dia e da empresa Cárnica 2005, ambas estariam armazenando mercadorias, sem disponibilizá-las à população e, esta última estaria vendendo carne com ágio.

Sistema limitado de compra

Farmatodo foi a primeira empresa privada a instalar o sistema limitado de compras através do uso da carteira de identidade. Após ter sido ocupada pelo governo assim como o grupo de farmácias, a rede Dia a Dia irá aplicar a restrição de vendas de acordo com a terminação numeral da carteira de identidade. Isso já acontece desde janeiro deste ano nos supermercados estatais.

Nicolás Maduro, cuja popularidade atual é de 22%, garantiu que tem “mão de ferro” para resolver esta situação. Ele afirmou que integrantes da coalizão de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD) pressionam os donos das empresas para que eles participem de atos de sabotagem ao governo.

Guerra econômica

A falta de produtos da cesta básica e a alta inflação têm gerado angústia no povo, que gasta horas nas filas em busca dos itens a preços tabelados. Há duas versões para este problema: de acordo com o governo as empresas privadas escondem ou vendem os produtos a contrabandistas para atacar o governo e gerar conflito social.

Já para os economistas e setores produtivos, não há estoques suficientes de produtos ou eles alegam que os preços tabelados geram maior demanda da população para comprá-los enquanto custam barato, comprá-los em quantidades excessivas para consumo próprio ou para revendê-los.

Embora o salário mínimo tenha aumentado 15% no início deste mês, passando de 4.889 bolívares para Bs 5.634, a cesta básica custa cerca de Bs 17 mil, e 41 dos itens estão escassos.

A Consecomercio, o Conselho Nacional de Comércio e Serviços, pediu ao governo respeito à iniciativa privada ao considerar que as recentes ações fomentam a desconfiança no setor comercial. De acordo com a Câmara de Comércio de Caracas o modelo econômico devastou a capacidade produtiva do país, que agora depende ainda mais das importações para sanar as necessidades de produtos básicos.

Até mesmo dois funcionários da cúpula da estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA) foram presos acusados de corrupção.

Relação Venezuela-EUA

Nicolás Maduro afirmou que em breve irá enviar uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para se manifestar sobre o que chama de “agressão” à Venezuela. O governo norte-americano suspendeu o visto de mais 32 venezuelanos, que agora totalizam 56 pessoas, entre empregados do governo bolivariano e também a parentes diretos desses funcionários.

Maduro repudiou a medida e afirmou que não aceita imposições de nenhum governo estrangeiro. Ele pediu ajuda a Ernesto Samper, secretário-geral da Unasul (União de Países Sul-Americanos), que chega nesta quarta-feira (4) a Caracas, para assumir uma iniciativa diplomática que busca mecanismos de diálogo com os EUA para deter esta “agressão” ao país.

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