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Venezuela/Vaticano

Papa Francisco se encontra com Nicolás Maduro no Vaticano

A reunião do presidente venezuelano Nicolás Maduro com o Papa Francisco, realizada hoje no Vaticano, está marcada por críticas. Setores da oposição recriminaram o encontro, realizado a portas fechadas no Vaticano.

O Papa Francisco recebeu nesta segunda-feira no Vaticano, em audiência privada, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro.
O Papa Francisco recebeu nesta segunda-feira no Vaticano, em audiência privada, o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro. REUTERS/Andreas Solaro/Pool
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Elianah Jorge,correspondente  da RFI em Caracas

O Papa Francisco recebeu nesta segunda-feira no Vaticano o novo presidente Nicolas venezuelano Nicolas Maduro, acompanhado de sua esposa Cilia Flores. Ele também se reuniu com o secretário Tarcisio Bertone e o chanceler Dominique Mamberti. Durante a conversa, os dois falaram sobre a “presença histórica da igreja na vida do país”, o problema do tráfego de drogas e o processo de paz na Colômbia, de acordo com um comunicado do Vaticano.

Esta é a primeira visita de Maduro ao Vaticano. O ex-presidente Hugo Chavez, que morreu em fevereiro, foi recebido uma vez pelo papa João Paulo II e uma vez por Bento 16. A igreja, que manteve relações tensas com o regime socialista de Chavez, propôs mediar um diálogo entre o governo a oposição, para superar a crise política que surgiu depois das eleições.

Objetivo de Maduro seria legitimar o poder

Na Venezuela, a oposição afirma que esta seria mais uma tentativa de Maduro legitimar seu poder em esferas internacionais para reforçar sua posição. Eleito em março deste ano, o “presidente obreiro”, conforme Nicolás Maduro costuma se identificar, é acusado de ter chegado ao cargo mais importante do país através de uma fraude eleitoral.

De acordo com o chanceler Elías Jaua, o encontro com o sumo sacerdote tem como foco o interesse da Venezuela em erradicar a fome e a pobreza em todo o país. No entanto, o cardeal venezuelano Jorge Urosa espera que o Papa pressione Nicolás Maduro para que a democracia e a convivência pacíficas sejam incentivadas para promover a paz e aliviar as tensões originadas pelas crises política e econômica no país sul-americano. “Tomara que quando volte (Maduro) tenha uma linguagem muito mais calma e democrática, e que reconheça a existência e a importância daqueles que integram a oposição”, declarou o Cardeal Urosa.

O Papa Francisco declarou recentemente que acompanhava a situação da Venezuela "com profunda preocupação e com a esperança de buscar formas justas e pacíficas para superar as sérias dificuldades" do país.
O perdedor da disputa com Maduro nas eleições presidenciais, Henrique Capriles Radonski enviou uma carta ao Papa na qual denunciou que o governo persegue os opositores e tenta descredibilizar aqueles que são críticos ao governo. Segundo Capriles a mensagem é para que o chefe da Igreja Católica tenha "detalhes da situação na Venezuela" e saiba com "quem está se reunindo".

Capriles, que ficou atrás de Maduro por uma diferença de 1,49 pontos, afirma que o Conselho Nacional Eleitoral estaria parcializado e que privilegiou o herdeiro político de Hugo Chávez – embora a auditoria concluída há poucos dias tenha reafirmado a vitória do atual presidente do país.

Durante a primeira visita de Maduro à Europa na qualidade de chefe de Estado também está previsto um encontro com o presidente italiano Giorgio Napolitano e também com dirigentes sindicais e políticos da Itália.  Na próxima semana três deputados opositores serão recebidos pelo secretário de Relações do Vaticano, Dominique Mamberti, para conversar sobre a questão dos "presos políticos" venezuelanos.

FAO

A visita de Nicolás Maduro à Europa começou no último domingo, quando ele participou do ato de entrega do reconhecimento da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) à Venezuela, que ganhou um prêmio pelo progresso na luta contra a fome em todo o país. O deputado Julio Borges criticou este reconhecimento ao afirmar que a FAO deveria explicar por qual motivo “premia a desnutrição, a escassez, a inflação e a incapacidade da Venezuela” produzir os alimentos consumidos pela população.

Borges afirmou que a decisão da FAO é fruto do lobby do ex-presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, que teria aliados na organização e motivado por favores prestados pela Venezuela.Nos últimos meses a Venezuela vem registrando a escassez de alimentos e o aumento da inflação, que chegou a 6,1% em maio deste ano.
 

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