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Moçambique

Papa Francisco defende igualdade social e celebra acordo de paz em Moçambique

O papa Francisco celebrou nesta quinta-feira (5), em Moçambique, o acordo de paz recentemente assinado entre o governo local e um ex-grupo guerrilheiro. Em seu primeiro discurso público na capital, Maputo, Francisco ainda defendeu valores de igualdade social e se solidarizou com as vítimas de dois ciclones que devastaram o país no primeiro semestre do ano.

O papa Francisco acena para fiéis na entrada da Catedral de Nossa Senhora da Imaculada Conceição em Maputo, capital de Moçambique, nesta quinta-feira (5)..
O papa Francisco acena para fiéis na entrada da Catedral de Nossa Senhora da Imaculada Conceição em Maputo, capital de Moçambique, nesta quinta-feira (5).. REUTERS/Mike Hutchings
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Um tratado de paz histórico foi firmado em 6 de agosto entre o governo de Maputo e a Renamo, a antiga rebelião que se tornou o principal partido de oposição. Apesar de a guerra civil moçambicana ter terminado 27 anos atrás, a Renamo nunca havia se desarmado

"Vocês assinaram, cerca de um mês atrás, (...) o acordo do cessar-fogo definitivo entre irmãos moçambicanos. É um marco que comemoramos e esperamos ser decisivo", disse o pontífice em seu primeiro discurso desde sua chegada na quarta-feira (4) à noite a Moçambique. Ao lado do presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e do líder da Renamo, Ossufo Momade, o papa elogiou "os esforços que foram feitos para trazer a paz".

"Não à violência que destrói, sim à paz e à reconciliação!", lançou o líder da Igreja Católica aos cerca de 1,3 bilhão de católicos moçambicanos. "A paz é a melhor maneira de enfrentar (...) os desafios que vocês têm como nação", completou, dirigindo-se às autoridades moçambicanas e a membros da sociedade civil reunidos em Maputo.

As primeiras palavras de Francisco foram para as milhares de pessoas afetadas pelos dois ciclones que devastaram o país este ano. Um dos países mais pobres do planeta, Moçambique tenta se reconstruir depois de dois ciclones devastadores, Idai e Kenneth, em março e abril, que deixaram mais de 700 mortos.

"As consequências devastadoras" de Idai e Kenneth "continuam pesando sobre muitas famílias, especialmente em lugares onde a reconstrução ainda não foi possível", lamentou. "Quero que saibam que eu compartilho sua angústia, seu sofrimento", ressaltou.

Segundo o Banco Mundial, Moçambique, com seus mais de 2.000 km de costa ao longo do Oceano Índico, está entre os dez países mais ameaçados do mundo, devido às consequências das mudanças climáticas.

Igualdade social

O papa também defendeu a igualdade social em Moçambique. "Sem igualdade de oportunidades, as diferentes formas de agressão e guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, causará a explosão", alertou o papa argentino.

"Não relaxem enquanto houver crianças e adolescentes sem educação, famílias sem-teto, trabalhadores desempregados, camponeses sem terra", disse Francisco, elogiando os avanços conquistados na educação e na saúde.

O "papa dos pobres", que realiza de 4 a 10 de setembro sua segunda viagem à África subsaariana, também visitará Madagascar, onde o desmatamento é preocupante. Ele encerrará sua visita na pequena e rica ilha turística Maurício.

O papa começou seu dia com uma reunião privada com o presidente Filipe Nyusi. Os dois já haviam se encontrado há um ano no Vaticano.

"A mensagem de encorajamento que recebemos durante nossa visita oficial ao Vaticano para que considerássemos todos os moçambicanos como irmãos (...) foi um guia no diálogo" com a Renamo, disse nesta quinta-feira o chefe de Estado. "Contudo, a paz duradoura (...) está ameaçada na província de Cabo Delgado (norte)", sob o domínio de uma insurgência islâmica há dois anos, observou ele, referindo-se a uma onda de violência que deixou mais de 300 mortos.

Para preparar a visita do papa, o governo gastou cerca de € 300.000. O estádio Zimpeto, onde Francisco celebrará uma missa nesta sexta-feira (6), está pronto para receber milhares de fiéis.

Com informações de agências internacionais

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