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Argelinos querem mudança de regime político, destaca imprensa francesa

Os jornais franceses dessa quarta-feira (27) repercutem a situação política na Argélia, depois que o chefe do Estado-Maior, Ahmed Gaïd Salah, abriu caminho para a saída do presidente Abdelaziz Bouteflika.

Presidente argelino Abdelaziz Bouteflika em encontro com o chefe do Estado-Maior, Ahmed Gaïd Salah, em 11 de março de 2019.
Presidente argelino Abdelaziz Bouteflika em encontro com o chefe do Estado-Maior, Ahmed Gaïd Salah, em 11 de março de 2019. AFP /Canal Algérie
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"O último aliado caiu", destaca Le Figaro em reportagem de capa com o título, "o Exército apita o fim do reinado de Bouteflika". Pressionados pelas ruas, os militares propuseram que o presidente se declare "inapto" para o exercício do poder, na esperança de pôr fim à crise política.

O general Salah pede a aplicação do artigo 102 da constituição argelina, que prevê o "impedimento" do presidente em caso de doença grave e prolongada, virando as costas, segundo Le Figaro, àquele que lhe havia colocado no poder, em 2004.

Para a oposição na Argélia, depor o presidente é apenas uma etapa, que deverá ser seguida pela organização de novas eleições, afirma o diário.

Segundo Le Figaro, a notícia foi recebida com tranquilidade nas ruas. Mas os argelinos estão desconfiados e querem garantias de que terão um Estado democrático.

"Aqueles que ocupam os postos mais graduados do Exército são cúmplices das pessoas que estão no poder e dos homens de negócios", afirmam alguns manifestantes, que desejam ver um poder civil se instalar no país.

"Todos que estavam sob suspeita de corrupção devem sair e não queremos seus filhos em seus lugares", deixam claro jovens militantes, enquanto a população mais velha se preocupa com o futuro do país.

Le Figaro ainda traz uma entrevista com o escritor argelino Kamel Daoud. O autor diz que jamais pensou viver esse momento um dia. Porém, alerta que "esse pode ser o fim de um clã, mas não necessariamente o fim do regime".

Fim do clã Bouteflika

Enquanto isso, a população pede mais do que a saída da família Bouteflika, mas também mudanças profundas na Argélia.

O Aujourd'hui en France lembra que o clã Bouteflika fez de tudo para permanencer no poder, até mesmo tentar um quinto mandato para o presidente de 82 anos, doente e debilitado após um AVC, em 2013. Mas não conseguiu vencer a força dos protestos que tomam as ruas da Argélia desde fevereiro.

O jornal La Croix escreve que agora a bola está no campo do próprio Bouteflika, se ele optar por renunciar, ou então do presidente do Conselho Constitucional, Tayeb Belaiz, uma figura próxima do presidente e que deverá lançar o procedimento para declarar o Chefe de Estado incapaz de exercer as suas funções.

O jornal explica, por fim, que se o "impedimento" durar mais de 45 dias, o poder é declarado vago. O prazo máximo é de 90 dias, período no qual deverão ser organizadas novas eleições presidenciais na Argélia.

 

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