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China promete ajuda bilionária sem impor condições à África

Maior parceira comercial da África, a China prometeu investir US $ 60 bilhões no desenvolvimento econômico dos países do continente. O anúncio foi feito nessa segunda-feira (3) pelo presidente Xi Jinping durante o Fórum de Cooperação China-África, que reuniu líderes de 53 países africanos durante dois dias, em Pequim.

Presidente Xi Jinping discursa durante a abertura do Fórum China-África em Pequim, em 3 de setembro de 2018.
Presidente Xi Jinping discursa durante a abertura do Fórum China-África em Pequim, em 3 de setembro de 2018. MADOKA IKEGAMI / POOL / AFP
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A cúpula é uma oportunidade para o presidente chinês celebrar suas "Novas Rotas da Seda". A iniciativa, lançada em 2013, busca desenvolver as relações comerciais da China com o resto do mundo.

Desde 2015, a potência asiática vem investindo bilhões de dólares anualmente na África em infraestrutura (estradas, ferrovias, portos) ou parques industriais. Esse aporte de recursos vem sendo bem recebido pelos países africanos, que esperam acelerar o seu desenvolvimento econômico.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, disse que a ajuda econômica chinesa à África não se trata de "neocolonialismo". A expressão foi usada recentemente pelo primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, que havia acabado de cancelar acordos de infraestrutura de US $ 22 bilhões com a China, dizendo estar preocupado com a dívida de seu país.

Ramaphosa, no entanto, defendeu a solução de alguns desequilíbrios nas relações com a china. "Muitas vezes, a África exporta matérias-primas para a China, enquanto a China exporta para nós produtos acabados. Isso limita o potencial e a capacidade de produção da África, bem como a criação de empregos no continente", lamentou.

O apoio financeiro chinês inclui 15 bilhões de dólares "de ajuda gratuita e de empréstimos sem juros", além de investimentos de empresas chinesas que serão incentivadas a aplicar pelo menos US $ 10 bilhões na África, nos próximos três anos.

Essas iniciativas, no entanto, estão atraindo cada vez mais críticas do Ocidente, destacando o aumento do endividamento de alguns países. Avaliação que Xi Jinping tentou desconstruir em seu longo discurso de abertura da cúpula. O presidente chinês garantiu que a China cancelaria parte da dívida dos países africanos menos desenvolvidos, insulares ou sem litoral. Além disso, "os investimentos da China na África não são acompanhados por nenhuma condição política. A China não interfere nos assuntos internos da África e não impõe a sua vontade", disse o presidente.

Do total de recursos prometidos, US $ 20 bilhões serão oferecidos em linhas de crédito. Serão criados dois fundos: um para investir no desenvolvimento e outro para financiar as importações de bens africanos.

Xi Jinping reconheceu a necessidade de "garantir a viabilidade comercial dos projetos", a fim de "reduzir o risco desses investimentos".

Importância estratégica da África

O atual fórum de Pequim deve ser acompanhado por uma série de contratos entre a China e seus parceiros. O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, deve assinar um acordo sobre telecomunicações, financiado por um empréstimo de US $ 328 milhões do banco de importação e exportação chinês (Exim), segundo informou o seu gabinete.

O presidente Xi Jinping também se encontrou, durante o fim de semana, com vários chefes de Estado, como os presidentes egípcios Abdel Fattah al-Sissi e o senegalês Macky Sall.

Pequim tem prestado ajuda aos países africanos desde o período das guerras de independência contra os antigos colonizadores ocidentais. Mas a presença dos chineses no continente se fortaleceu à medida que a China se tornou a segunda maior economia do mundo.

Como um sinal da importância estratégica da África para o gigante asiático, a China escolheu o Djibuti para abrir, em 2017, sua primeira base militar no exterior.

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