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França julga envolvidos no genocídio de Ruanda

Dois ex-prefeitos da cidade de Kabarondo, em Ruanda, estão sendo julgados por sua suposta participação no genocídio ruandês de 1994 que deixou 800 mil mortos. Trata-se do segundo julgamento realizado na França pelos massacres no país africano.

Começo do julgamento de dois ex-prefeitos ruandeses por sua suposta participação no genocídio ocorrido em Ruanda em 1994.
Começo do julgamento de dois ex-prefeitos ruandeses por sua suposta participação no genocídio ocorrido em Ruanda em 1994. REUTERS/Gonzalo Fuentes
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Octavien Ngenzi e Tito Barahira, que negam os fatos, são acusados de ter participado diretamente do massacre de centenas de tutsis refugiados na igreja de Kabarondo, uma localidade do leste de Ruanda, em 13 de abril de 1994.

Na abertura da sessão, na manhã desta terça-feira (10) no Tribunal de Paris, eles afirmaram que irão colaborar durante as oito semanas previstas do julgamento. Os advogados dos dois ex-prefeitos denunciaram um desequilíbrio entre os meios da defesa e da acusação. A defesa se considera em desvantagem em comparação à parte civil e ao Ministério Público, pois estes conseguiram apoio da justiça para trabalhar.

Os advogados dos acusados disseram ter apresentado vários pedidos para irem até Ruanda realizar constatações que poderiam ajudar na argumentação, mas todos os pedidos foram negados pelo tribunal. A procuradoria-geral negou a existência de favorecimentos e acusou a defesa de tentar por em prática uma manobra. "O que eles pedem não é fazer justiça e sim adiá-la", disse o advogado-geral Philippe Courroye.

Sobreviventes do massacre virão de Ruanda para testemunhar contra os ex-prefeitos. Os dois já foram condenados à revelia por tribunais populares em Ruanda à prisão perpétua. Sobre os dois homens pesam acusações de "crime contra a humanidade", "genocídio" e "prática maciça e sistemática de execuções" para aplicar um plano com o objetivo de destruir o grupo étnico tutsi.

Julgamento histórico

O primeiro processo histórico sobre o genocídio ruandês na França aconteceu há dois anos. Em março de 2014, um ex-capitão do exército de Ruanda foi condenado a 25 anos de prisão por cumplicidade. Mas desde então, Paris e Kigali voltaram a se reaproximar após três anos de ruptura diplomática. As vítimas temem que o estreitamento dos laços entre os dois países influencie o julgamento.

Atualmente, 26 casos relacionados ao genocídio ruandês de 1994 são analisados na França por um grupo de investigadores e magistrados especializados em crimes contra a humanidade. Este grupo foi constituído depois de receber múltiplas denúncias contra os massacres, cujos autores se encontram refugiados na França.

Maior massacre da humanidade

O genocídio de Ruanda em 1994 é considerado o maior massacre da humanidade depois da Segunda Guerra Mundial. Em pouco mais de três meses, mais de 800 mil pessoas, principalmente da etnia tutsi, foram mortas pelos hutus no poder.

Paris pode julgar os suspeitos desde 1996 em virtude de sua competência universal. Os debates, considerados históricos, serão totalmente gravados. O julgamento, que deve ser concluído em primeiro de julho, foi adiantado em função do estado de saúde de um dos causados, Barahira Tito, que deve ir três vezes por semana ao hospital para fazer diálises.

(Com informações da AFP)
 

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