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Conselho anuncia formação de governo de unidade nacional na Líbia

O Conselho Presidencial líbio, apoiado pelas Nações Unidas, anunciou no domingo (14) a formação de um governo de unidade nacional, cuja composição foi apresentada ao Parlamento líbio reconhecido pela comunidade internacional. "O governo foi formado hoje e sua composição foi submetida ao Parlamento", declarou durante uma coletiva de imprensa o porta-voz do Conselho Presidencial, Fathi al Mejebri.

Fayez al Sarrj, empresário convocado a se converter em primeiro-ministro na Líbia
Fayez al Sarrj, empresário convocado a se converter em primeiro-ministro na Líbia AFP PHOTO / FETHI BELAID
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As negociações para a formação de um governo de unidade nacional, como deseja a comunidade internacional, são realizadas em Sjirat, no Marrocos. O Conselho Presidencial é composto por nove membros de facções rivais líbias, liderados por Fayez al Sarrj, um empresário convocado a se converter em primeiro-ministro, segundo um acordo fechado sob a égide das Nações Unidas.

Depois de anunciar a formação do governo, o porta-voz declarou: "Esperamos que isso seja o início do fim do conflito na Líbia". No entanto, dois membros do conselho se negaram a assinar o documento que anunciava a formação do novo governo. "Não o assinamos, já que não estamos de acordo sobre o governo. A maneira como os ministros foram nomeados não é transparente", declarou um deles, que pediu anonimato.

O Parlamento reconhecido, com sede em Tobruk (leste), deve votar nesta segunda ou terça-feira se autoriza esse governo de unidade nacional. A Líbia também conta com outro Parlamento não reconhecido internacionalmente, cuja sede está na capital líbia, Trípoli.

Governo contaria com 18 membros

Segundo uma carta do Conselho Presidencial, à qual a agência France Presse teve acesso, o governo de unidade nacional anunciado contaria com 18 membros, 14 a mais que o primeiro proposto e que o Parlamento de Tobruk rejeitou por seu elevado número de representantes. O posto de ministro da Defesa, uma das principais divergências durante as negociações, seria para o coronel Mahdi al Bargati, segundo o documento.

Grupos armados rivais impõem sua lei na Líbia desde que o regime de Muanmar Kadhafi caiu em 2011 contra uma rebelião apoiada por uma intervenção militar ocidental liderada por França, Reino Unido e Estados Unidos.

As grandes potências estimam que apenas um governo de unidade nacional constitui um interlocutor confiável para frear a chegada de migrantes à Europa através do território líbio e combater o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que aproveitou o vácuo de poder na Líbia para tomar o controle da cidade de Sirte.

Desde junho de 2015, a bandeira negra do EI tremula sobre os edifícios públicos dessa cidade portuária, onde os jihadistas cortam mãos e cabeças em público.

O EI transformou a cidade em uma base de treinamento para jihadistas líbios e estrangeiros. Os europeus temem que com o seu porto e aeroporto a cidade se transforme em uma plataforma para ataques em seu território.

Queda de Kadhafi

Os protestos contra o ditador Muamar Kadhafi, que estava no poder desde 1969, começaram no mês de fevereiro de 2011. No mês de março, foi aprovada uma Resolução da ONU que justificava uma intervenção estrangeira no país em defesa da população civil a fim de evitar um massacre. Com isso, a Otan organizou uma coalizão contra o regime, liderada por norte-americanos, ingleses e franceses.

O conflito na Líbia foi provavelmente aquele que mais repercutiu durante o período das revoltas árabes. Kadhafi não aceitou as manifestações contrárias à sua manutenção no poder, e o país acabou ficando dividido, pois parte do exército continuou fiel ao ditador e os insurgentes ficaram fragmentados em diferentes etnias. As maiores divergências estavam entre as regiões de Bengazhi, que concentra boa parte das reservas de petróleo da Líbia e foi o berço dos rebeldes, e Trípoli, capital do país e local de organização das tropas oficiais e partidários de Kadhafi.

Entre os meses de fevereiro e agosto de 2011 ao menos 50 mil pessoas morreram, em uma situação típica de guerra civil. Kadhafi recebeu sanções internacionais e foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade, quando ocorrem violações contra os direitos humanos, massacres, estupros e demais atrocidades.

O ditador anunciou que resistiria até o fim, mas seu paradeiro, ao final de agosto, era desconhecido quando os rebeldes tomaram Trípoli e começaram a retomar a produção de petróleo de algumas áreas que estavam imobilizadas. Pouco depois, em outubro, Kadhafi foi morto e seu corpo exposto para visitações.

O país passou a ser governado pelo CNT (Conselho Nacional de Transição), responsável por reorganizar as instituições democráticas da Líbia, e recebeu o acompanhamento da ONU e da Otan.

Em fevereiro de 2012 foram realizadas eleições municipais e em julho de 2012 as primeiras eleições parlamentares desde 1964, que ap

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