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Mali/Timbuktu

Tuaregue que destruiu mausoléus no Mali será julgado pelo TPI

Um tuaregue, líder de um grupo islamita do Mali ligado à Al-Qaeda, foi levado neste sábado (26) ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, acusado de ter participado em 2012 na destruição de mausoléus em Timbuktu, no norte do Mali.

Um dos mausoléus de Timbuktu, fotografado em 15 de maio de 2012, antes de ser destruído pelo movimento Ansar Dine.
Um dos mausoléus de Timbuktu, fotografado em 15 de maio de 2012, antes de ser destruído pelo movimento Ansar Dine. REUTERS/Adama Diarra
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Este é o primeiro caso envolvendo a destruição de edifícios religiosos e monumentos históricos tratado pelo TPI.
Além disso, Ahmad Al-Faqi Al-Mahdi é o primeiro suspeito detido no âmbito do inquérito aberto no início de 2013 no Mali, na sequência dos abusos cometidos por grupos ligados à Al-Qaeda. Os jihadistas assumiram o controle do norte do país durante nove meses, após a retirada do exército ante uma rebelião tuaregue.

Al-Faqi, também conhecido como Abu Turab, foi colocado à disposição do TPI "pelas autoridades do Níger e chegou à unidade de detenção do Tribunal na Holanda", segundo o porta-voz do TPI, Fadi El-Abdallah. O mandado de prisão contra o rebelde, datado de 18 de setembro de 2015, não fornece detalhes sobre a data ou circunstâncias de sua prisão.

Al-Faqi é acusado de ter cometido crimes de guerra por "liderar ataques contra dez edifícios religiosos (nove mausoléus e uma das três mais importantes mesquitas da cidade, Sidi Yahia) e monumentos históricos na antiga cidade de Timbuktu". Estes ataques são "crimes graves", segundo a procuradora do TPI, Fatou Bensouda.

Patrimônio Mundial

Inscrita no Patrimônio Mundial da Unesco, "a cidade dos 333 santos" esteve nas mãos de grupos islâmicos armados entre abril de 2012 e janeiro de 2013. Os jihadistas de diferentes movimentos ligados à Al-Qaeda, que consideram a veneração de santos como "idolatria", demoliram vários mausoléus, incluindo o da principal mesquita da cidade. Outros mausoléus do século XVI também foram destruídos. A ocupação terminou com uma intervenção militar francesa.

O prefeito de Timbuktu, Haley Usmane, confirmou as suspeitas levantadas contra Al-Faqi e comemorou a sua detenção. "Al-Faqi dirigiu toda a destruição dos mausoléus em Timbuktu. Destruir um mausoléu é como matar alguém, sua história, seu passado. Como todos os habitantes de Timbuktu, estou feliz", disse ele.

De acordo com o TPI, Al-Faki era um líder do Ansar Dine, um grupo islâmico radical vinculado à Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQIM), e teria sido "uma personalidade ativa no contexto da ocupação da cidade de Timbuktu". O TPI suspeita que ele também participou na execução das decisões tomadas pelo Tribunal Islâmico de Timbuktu.

Reconstrução

A Unesco lançou em 2014 um vasto programa de reconstrução de Timbuktu e seus mausoléus. As obras foram confiadas a um grupo de pedreiros locais supervisionados pelo imã da grande mesquita de Djinguereber. De acordo com a agência da ONU, todos os mausoléus (Timbuktu tem 16) serão reconstruídos até o final do ano.

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